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Propinas continuaram mesmo com Marcelo Odebrecht na prisão

A empresa mantinha uma “contabilidade paralela complexa” para o pagamento de propinas dentro do Brasil

Marcelo Odebrecht: a empresa mantinha uma “contabilidade paralela complexa” para o pagamento de propinas dentro do Brasil (REUTERS/Rodolfo Burher)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de março de 2016 às 14h54.

Brasília - A força-tarefa responsável pelas investigações da Operação Lava Jato apreendeu e-mails relacionados ao esquema de pagamentos de propinas identificado na Odebrecht datados de novembro de 2015, quando o presidente-executivo da empresa, Marcelo Odebrecht , já estava preso preventivamente em Curitiba.

De acordo com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), a empresa mantinha uma “contabilidade paralela complexa” para o pagamento de propinas dentro do Brasil, num departamento chamado de “Setor de Operações Estruturadas”.

O repasse do dinheiro era feito com frequência em hotéis e flats alugados unicamente para este fim, de acordo com a investigação.

Segundo a procuradora da República Luana Gonçalves, a interceptação de e-mails comprovando a continuidade do esquema, mesmo com o presidente da Odebrecht preso, foi vista com surpresa.

“Para a gente chega a ser de certa foram assustador”, disse a procuradora. “Ainda se teve a ousadia de continuar a operar o pagamento de propina com o conhecimento do Poder Público.”

Os detalhes foram revelados hoje (22) em entrevista coletiva após a deflagração da 26ª fase da operação, chamada de Xepa.

Em planilhas apreendidas ainda na 23ª fase da Lava Jata, chamada Acarajé, foram identificados pagamentos em espécie a centenas de recebedores, feitos entre janeiro de 2014 e meados de 2015.

O dinheiro seria fornecido por meio de até oito contas mantidas por doleiros em favor da Odebrecht. Em apenas uma das contas, foram identificados recursos de R$ 66 milhões disponíveis para o pagamento de propinas.

“Nós identificamos também a existência de um sistema informatizado para o controle desses pagamentos paralelos dentro da Odebrecht”, informou a força-tarefa da Lava Jato.

Tal sistema incluiria até mesmo um instrumento de troca de mensagens entre os profissionais alocados naquele setor da empresa, e foi destruído a partir do momento em que a companhia passou a ser investigada.

Nas tabelas, constavam valores, endereços e codinomes de recebedores de propina e dos executivos de alto escalão da Odebrecht que autorizavam os pagamentos, entre eles a sigla MBO, que, segundo a força-tarefa responsável pela investigação, corresponde a Marcelo Bahia Odebrecht, presidente-executivo da companhia.

De acordo com a procuradora Luana Gonçalves, a sigla MBO surge em diversas planilhas.

“A nosso ver não há qualquer dúvida da participação pessoal de Marcelo Bahia Odebrecht, não só no sentido de ter conhecimento, mas também de pessoalmente agir para pedir o pagamento a terceiros.”

Outro codinome identificado foi o de “Feira”, que aparece como destinatário de diversos pagamentos constantes das tabelas apreendidas e que, de acordo com os investigadores, corresponde ao casal de publicitários João Santana e Mônica Moura.

O dois encontram-se detidos em Curitiba.

Grandes obras

Os pagamentos, de acordo com a avaliação dos procuradores do MPF, foram aprovados por diretores responsáveis pela supervisão de obras ligadas ao governo federal e a diversos governos estaduais e municipais.

Foram citadas como exemplo as construções da Arena Corinthians, em São Paulo, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, de metrôs no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, do aeroporto de Goiânia e do Canal do Sertão, no Nordeste.

O procurador da República Carlos Fernandes Lima afirmou que a Lava Jato investigará as provas relacionadas à Petrobras, remetendo os indícios relacionados a obras em outros estados aos ministérios públicos locais.

“Seja qual for o partido, seja qual for o governo, a operação de hoje é a prova exatamente disso, que estamos combatendo a corrupção independentemente de partido, independentemente de governo”, afirmou Lima.

Chamada de Operação Xepa, a 26ª fase da Lava Jato foi deflagrada hoje e envolveu cerca de 380 policiais federais, no cumprimento de 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.

Foram cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva.

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De acordo com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), a empresa mantinha uma “contabilidade paralela complexa” para o pagamento de propinas dentro do Brasil, num departamento chamado de “Setor de Operações Estruturadas”.

O repasse do dinheiro era feito com frequência em hotéis e flats alugados unicamente para este fim, de acordo com a investigação.

Segundo a procuradora da República Luana Gonçalves, a interceptação de e-mails comprovando a continuidade do esquema, mesmo com o presidente da Odebrecht preso, foi vista com surpresa.

“Para a gente chega a ser de certa foram assustador”, disse a procuradora. “Ainda se teve a ousadia de continuar a operar o pagamento de propina com o conhecimento do Poder Público.”

Os detalhes foram revelados hoje (22) em entrevista coletiva após a deflagração da 26ª fase da operação, chamada de Xepa.

Em planilhas apreendidas ainda na 23ª fase da Lava Jata, chamada Acarajé, foram identificados pagamentos em espécie a centenas de recebedores, feitos entre janeiro de 2014 e meados de 2015.

O dinheiro seria fornecido por meio de até oito contas mantidas por doleiros em favor da Odebrecht. Em apenas uma das contas, foram identificados recursos de R$ 66 milhões disponíveis para o pagamento de propinas.

“Nós identificamos também a existência de um sistema informatizado para o controle desses pagamentos paralelos dentro da Odebrecht”, informou a força-tarefa da Lava Jato.

Tal sistema incluiria até mesmo um instrumento de troca de mensagens entre os profissionais alocados naquele setor da empresa, e foi destruído a partir do momento em que a companhia passou a ser investigada.

Nas tabelas, constavam valores, endereços e codinomes de recebedores de propina e dos executivos de alto escalão da Odebrecht que autorizavam os pagamentos, entre eles a sigla MBO, que, segundo a força-tarefa responsável pela investigação, corresponde a Marcelo Bahia Odebrecht, presidente-executivo da companhia.

De acordo com a procuradora Luana Gonçalves, a sigla MBO surge em diversas planilhas.

“A nosso ver não há qualquer dúvida da participação pessoal de Marcelo Bahia Odebrecht, não só no sentido de ter conhecimento, mas também de pessoalmente agir para pedir o pagamento a terceiros.”

Outro codinome identificado foi o de “Feira”, que aparece como destinatário de diversos pagamentos constantes das tabelas apreendidas e que, de acordo com os investigadores, corresponde ao casal de publicitários João Santana e Mônica Moura.

O dois encontram-se detidos em Curitiba.

Grandes obras

Os pagamentos, de acordo com a avaliação dos procuradores do MPF, foram aprovados por diretores responsáveis pela supervisão de obras ligadas ao governo federal e a diversos governos estaduais e municipais.

Foram citadas como exemplo as construções da Arena Corinthians, em São Paulo, palco da abertura da Copa do Mundo de 2014, de metrôs no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, do aeroporto de Goiânia e do Canal do Sertão, no Nordeste.

O procurador da República Carlos Fernandes Lima afirmou que a Lava Jato investigará as provas relacionadas à Petrobras, remetendo os indícios relacionados a obras em outros estados aos ministérios públicos locais.

“Seja qual for o partido, seja qual for o governo, a operação de hoje é a prova exatamente disso, que estamos combatendo a corrupção independentemente de partido, independentemente de governo”, afirmou Lima.

Chamada de Operação Xepa, a 26ª fase da Lava Jato foi deflagrada hoje e envolveu cerca de 380 policiais federais, no cumprimento de 110 ordens judiciais nos estados de São Paulo, Rio de janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco.

Foram cumpridos 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 4 mandados de prisão preventiva.

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