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Projeto de Doria para dependentes químicos exige abstinência

O projeto de reinserção social substitui o programa De Braços Abertos, de Fernando Haddad, que tinha como principal diretriz a política de redução de danos

Cracolândia: novas operações deslocaram a população para a Praça Princesa Isabel (Rovena rosa/Agência Brasil/Agência Brasil)

Cracolândia: novas operações deslocaram a população para a Praça Princesa Isabel (Rovena rosa/Agência Brasil/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de junho de 2017 às 17h15.

A reinserção social proposta pela prefeitura de São Paulo para dependentes químicos no Projeto Redenção vai exigir que os pacientes sejam "ex-usuários" para encaminhamento a vagas de emprego, pelo Programa Trabalho Novo.

As diretrizes foram divulgadas hoje (26) pelo prefeito João Doria.

A ação substitui o Programa De Braços Abertos, do prefeito Fernando Haddad, que tinha como principal diretriz a política de redução de danos.

O projeto proposto por Doria prevê que cada paciente terá atendimento "assistencial singular" e receberá tratamento por meio de redução de danos ou promoção de abstinência.

"As diretrizes preveem ações programáticas, como criar rede de moradias monitoradas no município e uma rede de residências terapêuticas pra a continuidade do tratamento", diz o texto de divulgação.

A prefeitura informou que usuários dos hotéis do Programa De Braços Abertos passarão para a nova dinâmica de atendimento, mas não detalhou como se dará a transição.

O projeto utilizará também as comunidades terapêuticas, em conjunto com o governo estadual, "para dar apoio a dependentes químicos desintoxicados e sem comorbidades", informou o governo.

De acordo com a prefeitura, o município fez 33.782 abordagens na unidade emergencial de acolhimento - Atende - desde o dia 21 de maio.

Foi nessa data que uma grande operação foi deflagrada pelas polícias civil e militar na região conhecida como Cracolândia, na Estação da Luz.

Na ocasião, Doria falou que o ato foi planejado pelas duas esferas de poder. "A primeira ação foi policial, uma ação preventiva, deliberada e com autorização da Justiça para aprisionamento de traficantes. A segunda ação será medicinal, de acolhimento daqueles que são psico-dependentes."

O prefeito chegou a anunciar que seriam feitas, em casos extremos, internações involuntárias e compulsórias. A medida, no entanto, foi questionada pela Justiça que proibiu tal proposta.

No último mês, novas operações foram feitas na região, deslocando a população que ocupa as ruas da Estação da Luz e outros espaços do centro, como a Praça Princesa Isabel.

O projeto municipal se espelha no Programa Recomeço, do governo estadual, que busca dependentes nas ruas a fim de levá-los para tratamento e reabilitá-los para o trabalho, internando-os em comunidades terapêuticas.

Ações

Uma nova unidade Atende começa a funcionar nesta semana na Praça Júlio Prestes, com capacidade de atendimento para 140 pessoas.

O espaço funciona com sala para atendimento psicológico, cozinha, refeitório, banheiro e academia. No local, serão servidas 500 refeições diárias.

Além disso, começa a funcionar amanhã (27) o Projeto Mães da Luz, na Rua Líbero Badaró, número 119. A iniciativa, coordenada pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, vai oferecer orientações aos familiares dos dependentes químicos.

O governo municipal anunciou a realização da campanha Crack, melhor saída é nunca entrar, como uma ação educativa do Projeto Redenção.

Serão feitas ações promocionais em vídeo e veiculação de peças publicitárias em jornais, pontos de ônibus e salas de cinema.

A campanha custou R$ 4,9 milhões em junho para as mídias de TV, informou a prefeitura.

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