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Professor de Columbia elogia luta do Brasil contra corrupção

Marcos Troyjo, diretor da BRICLab na Universidade de Columbia, comentou sobre a Operação Lava Jato em um artigo publicado no site do Financial Times

Corrupção: "O dano que [a Lava Jato] causa é opaca em comparação com os males que cura" (Divulgação/Divulgação)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 18h03.

Londres - Com o status de "emergente" seriamente questionado, a luta do Brasil contra a corrupção é um exemplo para o mundo, na avaliação de Marcos Troyjo, diretor da BRICLab na Universidade de Columbia, expressa em um artigo publicado no site do jornal britânico Financial Times.

Ele cita a expressão "poder suave", do inglês soft power, para descrever a capacidade de um país influenciar outros sem o uso da força ou coerção, que há muito não era desempenhado pelo país.

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"No meio do que poderia ser visto como o 'eclipse global do Brasil', o país está realmente lançando seu poder suave como uma consequência não intencional da Operação Lava Jato, que levou à prisão de políticos, empresários e ex-executivos da Petrobras e seus contratados por suborno e lavagem de dinheiro", avaliou.

O intelectual escreveu que os debates realizados em universidades em todo o mundo deixam claro que a maioria dos acadêmicos, líderes de opinião e formuladores de política econômica entende que a investigação da Lava Jato é mais do que meramente uma fonte de orgulho para os brasileiros.

"É uma ferramenta importante para o País aproveitar sua capacidade de competir no cenário mundial", argumentou.

Troyjo comentou que programas de cooperação técnica com a América Latina e África permitem que o Brasil exerça influência.

"No entanto, é a influência econômica do país, e não o sucesso de suas políticas públicas, que continuam a sustentar o desejo do mundo de fortalecer parcerias com o Brasil", descreveu.

Mesmo iniciativas como o Bolsa Família - um programa de transferência de dinheiro da redução da pobreza que já era um modelo considerado digno de exportação para países de baixa renda - viu, segundo ele, sua viabilidade prejudicada por uma economia estagnada.

No artigo, o professor cita vários exemplos de que, em termos macroeconômicos, o país não está mais em declínio: a inflação caiu, as empresas controladas pelo Estado agora são bem administradas e certas reformas estruturais tiveram avanços.

Ele também mencionou a retomada da confiança com a administração de Michel Temer.

"Mas este é o mínimo que se poderia esperar. A boa governança e a diplomacia pragmática são precondições, não são características de distinção louváveis daqueles que desejam prosperar. É como se o baixo desempenho econômico, a corrupção sistêmica e o desencanto com a política partidária eliminassem as histórias de sucesso", escreveu.

O movimento para combater a corrupção no Brasil pode ser um modelo de mudança paradigmática em países emergentes e economias maduras.

"Claro, a Operação Lava Jato também pode levar a alguns erros, dada a escala da investigação e suas frentes múltiplas. Mas o dano que causa é opaca em comparação com os males que cura."

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