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Procuradores repudiam fala de Villas Bôas e mostram preocupação

Mensagens das Forças Armadas podem instigar manifestações de movimentos políticos de parcela da população, segundo associação de procuradores

Villas Bôas: comandante diz que Exército "julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia" (Ueslei Marcelino/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de abril de 2018 às 15h48.

Última atualização em 4 de abril de 2018 às 15h58.

A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) divulgou nesta quarta-feira, 4, em nota, que vê com preocupação as declarações do comandante do Exército , general Eduardo Villas Bôas, que pelo Twitter afirmou que o Exército "julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia". O general afirmou também que o Exército "se mantém atento às suas missões".

De acordo com a ANPR, as mensagens das Forças Armadas brasileiras podem ser mal compreendidas e instigar manifestações de movimentos políticos de parcela da população. "O Brasil é uma democracia há mais de 30 anos, assim tem de prosseguir, e vai prosseguir. Em estados democráticos de direito, o poder civil dirige os destinos da nação e deve ser livremente exercido, sem interferências, insinuações ou, o que pareça, sequer sugestões impertinentes.

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No dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga o Habeas Corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a associação lembra que "a Constituição Federal garante ao Ministério Público a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis".

"Em uma democracia e em um estado de direito não cabe às organizações militares ou a seus integrantes - salvo como cidadãos na sua liberdade de expressão - tentar interferir na agenda política do país ou nas pautas do Poder Judiciário. Ou mesmo parecer que buscam interferir. As respeitáveis instituições militares nacionais respondem ao presidente da República e destinam-se à defesa da pátria e à garantia dos poderes constitucionais, inclusive do Poder Judiciário. Dúvida alguma existe acerca disso", afirmou.

"A ANPR valoriza e respeita a autonomia dos nossos tribunais, especialmente a do Supremo Tribunal Federal (STF), e entende ser essencial que todos velemos para que as magistraturas brasileiras tenham liberdade de exercerem suas funções constitucionais e, em particular, de julgar quaisquer causas e decidi-las de acordo com as leis do País e suas consciências", completou.

Os procuradores destacam ainda que a verdadeira força de um País está no respeito às leis, às liberdades públicas, à vontade das maiorias e aos direitos das minorias, e citam uma frase do ex-presidente norte-americano Abraham Lincoln: "O voto é mais poderoso que um projétil", concluem.

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