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Procura por telas cresceu até 120% por casos de microcefalia

Parentes também entraram na briga para proteger as gestantes e empresas registram aumento de até 120% na procura pelo produto


	Mosquito Aedes Aegypti: parentes também entraram na briga para proteger as gestantes e empresas registram aumento de até 120% na procura pelo produto
 (James Gathany/Wikimedia Commons)

Mosquito Aedes Aegypti: parentes também entraram na briga para proteger as gestantes e empresas registram aumento de até 120% na procura pelo produto (James Gathany/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 22 de fevereiro de 2016 às 15h08.

São Paulo - As telas mosquiteiras já foram incluídas no enxoval de grávidas que, assustadas com a possível ligação entre o vírus zika e os casos de microcefalia no País, travam uma batalha contra o Aedes aegypti.

Parentes também entraram na briga para proteger as gestantes e empresas registram aumento de até 120% na procura pelo produto.

Ao saber que a filha que mora na França passaria o Natal com a família em Guarulhos, na Grande São Paulo, o engenheiro aposentado Marcos Antonio Rodrigues, de 58 anos, decidiu que colocaria telas nas 15 janelas que tem em casa.

Ele começou uma pesquisa e logo descobriu que os preços não estavam acessíveis. Então, decidiu fazer as telas.

"Comecei a pesquisar e fui em uma loja que vende as telas. O proprietário estava montando para a casa dele e indicou onde comprar o alumínio, os encaixes para montar, a borracha para vedar. Fiz os orçamentos e tudo saiu por um terço do valor. Gastei R$ 30 por janela."

Era começo de dezembro. A contagem regressiva para a chegada da filha, na época grávida de quatro meses, já tinha começado.

Mas, a cada dia, mais notícias sobre a possível relação entre o vírus e os casos de má-formação eram veiculadas. A ceia em família foi cancelada.

"Ela tinha comprado a passagem e estava tudo pronto. Mas, faltando 15 dias para ela chegar, o noticiário estava enfatizando os casos de microcefalia e isso nos deixou malucos. Ligamos e falamos que era melhor ela se informar. Quando tem risco, é melhor evitar", diz a mãe, a dona de casa Kathia do Amaral Velloso Rodrigues, de 57 anos.

A proteção não foi em vão. "De qualquer maneira, a gente já estava pensando em colocar telas nas janelas. Ninguém na nossa família teve dengue, mas temos medo de ter (a síndrome de) Guillain-Barré. Ainda não sabemos as consequências disso", afirma Kathia.

Por enquanto, a secretária Taíse Tavares Soares, de 30 anos, vai instalar uma tela mosquiteira apenas no quarto da filha, que vai nascer em dois meses.

"Não passa nenhum tipo de inseto pela tela. O preço é um pouco salgado, mas estou pensando em segurança."

Ela pagou R$ 320 no produto e diz que pretende colocar telas em todas as janelas. Enquanto isso, usa calça, manga comprida e repelente diariamente.

Crescimento

Gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Sasazaki, Leonardo Arantes disse que houve um "boom do ano passado para cá" nas vendas.

"A gente percebe um aumento significativo nos últimos meses. Entre dezembro e fevereiro, tivemos um aumento de 120%. Sempre teve procura, mas, como agora, não tínhamos esses números."

Arantes diz que a marca tem capacidade de suprir a crescente demanda, mas já mira o futuro. "Queremos lançar outros modelos."

Na Telhanorte, a lista de produtos oferecidos deve aumentar neste ano. "Percebemos um aumento na procura por várias soluções que previnem e que impedem a proliferação de mosquitos. Por isso, temos trabalhado para ampliar nosso portfólio de produtos. A procura por telas mosquiteiras dobrou nos últimos anos", diz Valéria Graton, coordenadora de mercado de esquadrias da empresa.

A meta é ter produtos que facilitem a vida dos clientes. "Vamos oferecer, a partir de março, telas de fácil instalação em poliéster e velcro, que podem ser usadas em qualquer modelo de janela."

Ricardo Barrieu, diretor de Marketing da Assa Abloy - grupo que controla a Papaiz -, diz que, entre dezembro e janeiro, registrou um aumento de 10% nas vendas em relação ao mesmo período do ano anterior.

"A busca por informações também aumentou, no mesmo patamar de vendas, em torno de 10%." O preço varia, em opções para janelas e portas, entre R$ 230 e R$ 850.

O preço ainda impede que a administradora de empresas Gabriela Sette Fashola, de 35 anos, instale as telas em casa. Grávida de sete meses, ela está fazendo orçamentos.

"Estão cobrando os olhos da cara. Está R$ 600 na Vila Formosa (bairro na zona leste da capital), R$ 1.200 no Tatuapé (também na zona leste). Queríamos colocar na sala e em dois quartos." Gabriela diz que pretende, ao menos, instalar a tela no quarto da primeira filha. "Demorei para realizar o sonho de ter um filho e veio essa pressão. Antes, eu me preocupava com óleo para não ter estrias. Agora, é com o uso do repelente."

Cuidados. Neonatologista e membro da Sociedade Brasileira de Pediatria, Nelson Douglas Ejzenbaum diz que a tela pode ajudar a evitar as picadas, mas que outros cuidados devem ser tomados.

"A tela ajuda a barrar o mosquito, mas as pessoas devem manter a casa limpa, sem água parada nem lixo."

O produto também não pode levar a um isolamento da grávida, fazendo com que ela deixe de sair de casa para se sentir mais protegida. "Ela não pode viver trancada, principalmente porque deve fazer um bom pré-natal para não ter problemas."

Sérgio Floriano de Toledo, diretor da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), alerta que as grávidas devem se informar e evitar o pânico. "É fundamental que a gestante receba orientação.

A mulher não deve pecar pelo excesso nem pela falta", diz o especialista, que é professor de Obstetrícia da Faculdade de Ciências Médicas de Santos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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