Primeiro na linha sucessória, Maia é alinhado sobre reformas
O presidente da Câmara dos Deputados reafirma o apoio às reformas e reforça o compromisso de trabalhar pela aprovação dos projetos na Casa
Estadão Conteúdo
Publicado em 18 de maio de 2017 às 19h47.
Brasília - O primeiro nome na linha sucessória presidencial tem se mostrado um aliado fiel à agenda econômica de Michel Temer .
Recentemente, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia , defendeu várias vezes temas como a reforma previdenciária e trabalhista.
Esse discurso é alinhado ao pensamento de dois dos principais nomes da equipe econômica: Henrique Meirelles, ministro da Fazenda, e Dyogo Oliveira, do Planejamento.
Sobre o juro, porém, o deputado parece um pouco mais ousado. Já declarou "ter certeza" que há espaço para o corte mais agressivo da taxa Selic e que "não dá" para ter juro real de 9%.
As demonstrações de alinhamento à agenda econômica de Temer e Meirelles se repetiram ao longo dos últimos meses.
Nesses discursos, o presidente da Câmara reafirma o apoio às reformas e reforça o compromisso de trabalhar pela aprovação dos projetos na Casa.
Uma dessas demonstrações aconteceu na semana passada, durante a cerimônia para comemorar um ano de governo Temer.
Em evento com a presença de todo o primeiro escalão e transmitido ao vivo pela rede de televisão oficial, Maia elogiou as propostas ao afirmar que o governo "não foi pelo caminho fácil".
"Poderíamos ter feito (o ajuste das contas públicas) pelo caminho fácil do aumento de imposto, mas resolvemos enfrentar o desafio", disse.
Maia, que chegou cursar Economia, embora não tenha concluído a graduação, defende as reformas estruturais para organizar as contas públicas e melhorar o ambiente de negócios.
"O que nós precisamos e estamos tentando implementar é reorganizar as contas públicas, fazer um ajuste na Previdência", disse em recente evento com prefeitos.
Sobre a reforma trabalhista, o presidente da Câmara diz que a mudança gerará uma "revolução para o País".
Até mesmo a intenção de reforma tributária conta com o apoio do deputado da bancada fluminense, que nasceu em 1970, no Chile, durante exílio do pai, o ex-prefeito do Rio e ex-deputado Cesar Maia.
Durante evento em Foz do Iguaçu, em abril, Rodrigo Maia defendeu que o Congresso deve enfrentar a agenda "tensa e difícil" com aprovação da reforma trabalhista e previdenciária até o fim do semestre e avanço da tributária na segunda metade do ano.
Juros
Enquanto as reformas geram defesas alinhadas entre Maia e o governo, o mesmo não pode ser dito da política monetária.
Mesmo sem citar nominalmente o presidente do BC, Ilan Goldfajn, o parlamentar defende ação mais ousada da autoridade monetária.
"Tenho certeza que há espaço para a redução forte na taxa de juros porque o Brasil precisa voltar a crescer", disse Maia na semana passada, em cerimônia no Palácio do Planalto.
Em janeiro, quando ocupou a Presidência da República interinamente durante viagem de Temer, Maia disse, em entrevista ao Estado, que "torcia" para a queda do juro.
"Tomara que baixe porque 9% de juros real não dá. É muito alto. Mas não me meto nisso", comentou. "Espero que o BC tenha condições técnicas para reduzir. A gente torce, mas não interfere", emendou.
Boquinha
Com um tom mais informal que o do presidente Michel Temer, Rodrigo Maia acabou gerando polêmica em algumas ocasiões em sua defesa da reforma trabalhista.
No mês passado, fez forte crítica aos sindicatos que resistem à mudança em tramitação no Senado.
"Os sindicatos não querem perder a boquinha, aquilo que ganham sem nenhum esforço. Então, é legítimo que se mobilizem", disse, ao comentar o fim do imposto sindical.
Em março, o alvo foi a Justiça do Trabalho. Ao reclamar do excesso de regras na relação entre patrão e empregado, sugeriu que justiça trabalhista "não deveria nem existir".
Contrariado com a proposta de reforma trabalhista considerada "tímida" produzida pelo governo, Maia disse que a Câmara deveria dar "um passo além" e até desagradar ao presidente Temer com um projeto mais ousado.
Exatamente como sugeriu, o texto aprovado na Câmara foi mais ousado que o do governo.
O projeto, que saiu com sete artigos do Palácio do Planalto, foi aprovado na Casa presidida por Maia com mudanças em mais de 100 artigos da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).