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Bolsonaro diz que pressa por vacina "não se justifica"

De acordo com Bolsonaro, pandemia está chegando ao fim, apesar do aumento no número de casos e mortes

Bolsonaro: "Vão inocular algo em você. O seu sistema imunológico pode reagir ainda de forma imprevista" (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

Bolsonaro: "Vão inocular algo em você. O seu sistema imunológico pode reagir ainda de forma imprevista" (Isac Nóbrega/PR/Flickr)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 19 de dezembro de 2020 às 20h19.

Última atualização em 23 de dezembro de 2020 às 17h53.

"A pressa da vacina não se justifica". A frase foi dita na tarde deste sábado, 19, em entrevista gravada, pelo presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista gravada, concedida ao seu próprio filho o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o presidente disse ainda que a pandemia da covid-19 está acabando.

"A pandemia, realmente, está chegando ao fim. Temos uma pequena ascensão agora, que chama de pequeno repique que pode acontecer, mas a pressa da vacina não se justifica, disse Bolsonaro, ao afirmar que há uma apreensão injustificada sobre a doença que já matou mais de 180 mil brasileiros. "Você mexe com a vida das pessoas. Vão inocular algo em você. O seu sistema imunológico pode reagir ainda de forma imprevista", comentou.

Bolsonaro fez ilações ainda sobre "interesses" nos R$ 20 bilhões previstos para comprar as vacinas, sem dar nenhum detalhe. "Tem muita coisa ainda que está em segredo. Não quero externar aqui, porque a imprensa vai usar contra mim. Mas o interesse é muito grande nesses R$ 20 bilhões para comprar essa vacina", declarou ao filho. "Não há guerra ou politização da minha parte. A gente espera uma vacina segura. A própria China... não temos informações de vacinação em massa por lá", afirmou.

Sem citar nomes, mas claramente se referindo ao governador de São Paulo, João Dória, Bolsonaro disse que também não tem pressa de gastar os recursos. "Não tenho pressa de gastar dinheiro não. Nossa pressa é salvar vida, não é gastar não. É muito suspeita essa pressa em gastar R$ 20 bilhões em vacina", disse.

Apesar de não haver como uma vacina ser utilizada no Brasil sem passar pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bolsonaro disse que é preciso aguardar o aval da agência reguladora. "Você não pode, sem que passe pela Anvisa, sem que tenha certificação da Anvisa, você botar a vacina no mercado. Isso é uma irresponsabilidade. Lógico, tendo uma vacina comprovada, a gente vai comprar e vai distribuir para todo o Brasil e aquele que quiser voluntariamente se vacinar, poderá fazer."

O presidente afirmou que o governo federal "fez mais do que sua parte" na atuação de combate à pandemia do novo coronavírus e que o Executivo "garantiu a economia e empregos", mantendo obras mesmo com menos recursos e com a regra do teto de gastos.

"Final do ano passado, a previsão era crescer no trimestre 2,5%, tínhamos previsão no mínimo de 4%, mas infelizmente veio a pandemia, lutamos com a pandemia e orçamento bastante reduzido, tendo em vista a lei do teto, mas governo no meu entender foi bem, garantiu empregos, manutenção de obras, com menos recursos, Brasil estava indo muito bem", disse Bolsonaro, segundo quem o Brasil pode terminar o ano "talvez" com nível de emprego muito próximo ao do final de 2019.

Já tendo chamado o coronavírus de "gripezinha", o presidente afirmou que a "questão da pandemia" foi uma tragédia e que o Brasil teve de conviver com a doença. "Estamos sobrevivendo. Os números têm mostrado que o Brasil em mortes por milhão de habitantes está cada vez mais abaixo do topo do número de mortes", disse, atribuindo a situação ao "tratamento precoce" para combater o vírus. Bolsonaro é defensor da cloroquina para o tratamento do covid-19, mesmo não havendo comprovação científica sobre a eficiência do remédio para combater o novo vírus.

O Brasil contabilizou nesta sexta-feira, 18, a média móvel de 748 mortos pela covid-19, um aumento de 17,06% em uma semana. Nas últimas 24h, foram 811 novos registros de mortes e 52.385 casos confirmados. Os dados são do consórcio de veículos de imprensa formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL em parceria com 27 secretarias estaduais de Saúde.

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