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Presidente do IBGE pede demissão um dia após corte no orçamento do Censo

Executiva alegou motivos relacionados à família. Saída ocorre após corte no orçamento do Censo realizado pelo instituto

IBGE: Susana Cordeiro Guerra assumiu a presidência do IBGE em fevereiro de 2019 (Fernando Frazão/Agência Brasil)
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André Martins

Publicado em 26 de março de 2021 às 18h16.

Última atualização em 26 de março de 2021 às 18h46.

A presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ), Susana Cordeiro Guerra, pediu exoneração do cargo. A informação foi divulgada pela assessoria de imprensa do instituto na tarde desta sexta-feira, 26.

Segundo a nota divulgada pelo IBGE, o pedido de exoneração de Susana é motivado por questões pessoais e de família. A economista deve continuar no cargo até que um novo presidente, a ser indicado, tome posse.

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O anúncio do instituto vem logo após o Congresso cortar ainda mais recursos e praticamente zerar o Orçamento para o Censo Demográfico de 2021.

Susana disse ao O Globo que não quer falar nesse momento sobre sua saída: "Tive de avisar ao Ministério da Economia hoje, mas ainda nem comuniquei minha família".

Ainda não há um nome para substituição, mas ela garante que haverá uma transição "com calma".

Susana é especialista nas áreas de reforma do Estado, descentralização e fortalecimento da capacidade organizacional do setor público, e já foi economista do Banco Mundial. Estava no comando do IBGE desde fevereiro de 2019.

O Censo Demográfico é realizado a cada dez anos e é a principal radiografia da população brasileira. Estes dados ajudam o governo e outras entidades a traçar políticas públicas, por exemplo.

Sem orçamento

A LOA de 2021 foi aprovada na quinta-feira, 25, na Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, reduzindo o orçamento do Censo Demográfico de 2 bilhões para 71 milhões de reais. Na prática, a redução inviabiliza a realização do Censo neste ano.

A pesquisa já foi adiada do ano passado para este ano por causa da pandemia de covid-19.O órgão trabalhava para dar início à coleta, que visitaria todos os cerca de 71 milhões de lares brasileiros, a partir de agosto deste ano. Agora, a pesquisa está novamente sob risco, diante dos cortes no orçamento.

Antes mesmo dos cortes do relator, o IBGE já havia alterado a pesquisa para fazer o Censo caber no orçamento estabelecido pelo governo.

Segundo especialistas, o corte pode acarretar em apagão estatístico e minar políticas públicas para os próximos anos.

Mais jovem presidente

Em 2019, quando assumiu o posto de presidente do IBGE, Susana se tornou a pessoa mais jovem a comandar o instituto. Na ocasião, ela tinha 37 anos.

Ela sucedeu Roberto Olinto, funcionário de carreira do instituto desde 1980. Ela é formada em Harvard e fez doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT). Já trabalhou como economista do Banco Mundial.

Susana chegou ao comando do IBGE por intermédio da filha de Paulo Guedes, de quem é amiga há anos. Sua indicação foi reforçada ainda por Carlos von Doellinger, que será presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde Susana atuou como pesquisadora.

Ela chegou no IBGE com a missão de garantir a realização do Censo Demográfico 2020, que, na época, já seguia sob risco de postergação.

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