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Prejuízo em obras envolvendo Petrobras pode ser de R$ 5 bi

O Tribunal de Contas da União calcula que 25 processos envolvendo obras e negócios da Petrobras desde 2008 provocaram prejuízo aos cofres de R$ 5 bilhões

Sede da Petrobras: grande parte dessas obras foi executada por empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato (Sergio Moraes/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 19h14.

Brasília - O Tribunal de Contas da União ( TCU ) calcula que uma série de 25 processos envolvendo obras e negócios contratados pela Petrobras desde 2008 provocaram um prejuízo aos cofres públicos de R$ 5 bilhões.

Grande parte dessas obras foi executada por empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato. O caso é o maior escândalo já apurado na história da corte.

O valor apurado pelo TCU é referente a prejuízos na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), e em contratos firmados com a SBM Offshore, na Refinaria Abreu e Lima (a Renest), no complexo do Comperj, na Refinaria Getúlio Vargas e nas refinarias Premium I e II.

O TCU também instaurou procedimentos para averiguar possível cartelização de empresas contratadas pela Petrobras, além de investigações específicas em aquisições de bens e serviços, e auditoria operacional no cadastro de fornecedores da estatal.

Somente a refinaria de Pasadena gerou prejuízo de US$ 792 milhões aos cofres públicos. A presidente Dilma Rousseff era presidente do conselho de administração da companhia quando o colegiado aprovou a compra da refinaria.

No ano passado, a presidente disse ao jornal "O Estado de S.Paulo" que apoiou o negócio porque desconhecia cláusulas contratuais. Além do prejuízo calculado pelo TCU, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que recebeu US$ 1,5 milhão de propina para não prejudicar a compra da refinaria.

O prejuízo de R$ 5 bilhões foi encontrado em 25 processos analisados pelo TCU. Conforme o tribunal, se incluídos os trabalhos que não possuem indício imediato de prejuízo, a relação ultrapassa 50. Os casos ainda estão sob análise da área técnica do TCU.

São Paulo – De suspeitas de corrupção a multas bilionárias, a Petrobras tem sido protagonista de algumas das principais - más - notícias do Brasil nos últimos tempos. Alvo de uma das maiores investigações de corrupção corporativa do país, a petroleira hoje sofre uma crise de credibilidade que a faz perder valor de mercado a cada novo fato divulgado. E tem sido um exemplo de que realmente tudo pode dar errado ao mesmo tempo agora. Listamos oito fatos recentes sobre a Petrobras que comprovam que o ruim pode sempre piorar.Veja nas fotos.
  • 2. Operação Lava Jato

    2 /9(Arquivo/Agência Brasil)

  • Veja também

    Deflagrada em março de 2014, a Operação Lava Jato investiga um esquema de corrupção dentro da Petrobras em que um possível esquema de lavagem de dinheiro e contratos irregulares por meio de licitações beneficiaria partidos políticos. Desde então, pessoas, grandes transações e contratos fechados com irregularidade são alvo de investigação da Polícia Federal. A operação em curso ainda tem muito que apurar – e a lista de possíveis envolvidos no escândalo só aumenta. Inclui grandes empreiteiras, fornecedores e políticos.
  • 3. Fornecedores na mira

    3 /9(Germano Lüders/Exame)

  • Até agora, 23 empreiteiras foram indiciadas por envolvimento na operação. Em uma segunda etapa, mais recente, outras 82 empresas de setores diversos foram indiciadas. Além de executivos presos, algumas das companhias citadas passam por dificuldades de acesso a crédito, falta de pagamentos de aditivos de contratos com a Petrobras e contam com muitas obras paradas e prejuízo. Algumas dessas empresas já decretaram falência. Outras, como a Camargo Correa, fizeram demissão em massa. O estrago até o fim da operação pode ser ainda maior. A estimativa é que a Petrobras tenha hoje cerca de 6.000 fornecedoras no país.
  • 4. Balanço incompleto

    4 /9(REUTERS/Paulo Whitaker)

    O atraso na divulgação de resultados da companhia, previsto inicialmente para outubro do ano passado, acabou criando uma expectativa negativa no mercado sobre o que estaria por vir. Mas o estrago foi ainda maior que o previsto quando a empresa fez a efetiva publicação do balanço, no final de janeiro. No relatório, a estatal divulgou uma diferença de quase R$ 62 bilhões entre o valor real dos ativos e o contabilizado no balanço anterior, do segundo trimestre. A diferença não foi identificada como perdas com corrupção e a auditoria de todos os ativos não foi feita de maneira independente. A revelação do número assustou e gerou ainda mais incertezas nos investidores. Acabou criando uma situação insustentável para a Petrobras, que viu suas ações desabarem.
  • 5. Mudança de comando

    5 /9(Ueslei Marcelino/Reuters)

    Dias depois da divulgação dos resultados, Graça Foster e outros cinco diretores da companhia renunciaram ao comando da Petrobras. Por dois dias, ficou no ar a dúvida sobre quem assumiria a responsabilidade de liderar a maior empresa do país em meio a um turbilhão de incertezas e denúncias. A expectativa era a de que o governo escolhesse alguém do mercado, que tivesse independência para decidir os rumos da empresa de agora em diante. Dilma Rousseff anunciou o nome de Aldemir Bendine para o cargo. Tido como um perito em crises e aliado do governo, Bendine deixou o comando do Banco do Brasil para assumir como presidente da Petrobras. A notícia azedou ainda mais o humor dos investidores.
  • 6. Acidente fatal

    6 /9(REUTERS/Gabriel Lordello)

    Uma semana depois da troca de comando, um novo desastre atingiu a empresa – esse vindo dos mares e com consequências fatais. A explosão a bordo do navio-plataforma FPSO Cidade de São Mateus, no Espírito Santo, causou a morte de cinco pessoas e deixou outras dez feridas – duas delas em estado grave. A norueguesa BW Offshore era a proprietária da embarcação e trabalhava para a petroleira brasileira. Ainda não se sabe o que causou a explosão.A única certeza é a de que o acidente foi o terceiro maior desse tipo na história da empresa e que ela terá de arcar com uma multa,caso fique comprovado erro de operação.
  • 7. Revolta dos acionistas

    7 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    Além dos problemas internos, a Petrobras e seus acionistas no Brasil podem enfrentar uma possível revolta dos investidores estrangeiros. A estatal tem ações na Bolsa de Nova York e, se as denúncias de corrupção forem comprovadas, uma multa bem pesada pode chegar. Nos Estados Unidos, uma ação simultânea da Securities and Exchange Comission (SEC), do Departamento de Justiça (DoJ) e dos tribunais americanos já fez com que técnicos fossem enviados ao Brasil para analisar o caso da Petrobras. A punição para a Petrobras, caso se comprove fraudes contra os acionistas, pode superar os valores de casos emblemáticos, como o da elétrica Enron, fechado em US$ 7,2 bilhões em 2006.
  • 8. Dívidas em dólar

    8 /9(Scott Eells/Bloomberg)

    O momento ruim da Petrobras ainda conseguiu piorar com ajuda da alta do dólar. A valorização da cotação, a mais alta desde 2004, fez com que a dívida da companhia explodisse ao patamar da maior de toda a sua história. Calcula-se que 70% do endividamento da Petrobras estejam atrelados à moeda estrangeira, por isso um baque tão grande. Além do aumento do endividamento, fica mais caro para a Petrobras importar insumos, o que, por consequência, reduz seu caixa.
  • 9. Agora, veja 14 fatos incríveis sobre a Apple

    9 /9(Divulgação)

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