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Prefeitos brasileiros mudam de ideia após conhecerem dados novos

A conclusão é de um estudo publicado em junho por pesquisadores das universidades de Columbia, Harvard e UCLA at Davis e do Innovations for Poverty Action

Marcha em Defesa dos Municípios (Elza Fiúza/Agência Brasil)

Marcha em Defesa dos Municípios (Elza Fiúza/Agência Brasil)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 4 de agosto de 2019 às 08h00.

Última atualização em 4 de agosto de 2019 às 08h01.

São Paulo - Prefeitos brasileiros mudam de ideia e alteram políticas públicas quando confrontados com evidências.

A conclusão é de um estudo publicado em junho no National Bureau of Economic Research americano pelos pesquisadores Jonas Hjort (da Universidade de Columbia), Diana Moreira (da UCLA at Davis), Gautam Rao (de Harvard) e Juan Francisco Santini (do Innovations for Poverty Action).

"Líderes políticos valorizam o acesso a avaliações de impacto e atualizam suas crenças quando informados de resultados de pesquisas. Prefeitos e outros formuladores de políticas públicas na nossa amostra parecem ser consumidores bastante sofisticados de pesquisas acessíveis", diz o texto.

Em colaboração com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), eles usaram encontros nacionais e regionais para atingir 2.150 dos 5.570 prefeitos brasileiros com dois tipos de testes.

No primeiro, o tema foram políticas para a primeira infância, que comprovadamente impactam resultados educacionais.

Os prefeitos se mostraram dispostos a pagar pelo acesso aos resultados, e depois de vê-los se mostraram mais informados e sem viés político significativo.

"Informar aleatoriamente e corretamente aos participantes que governos recentes de esquerda apoiaram fortemente as políticas de primeira infância não teve efeito estatístico significativo", diz o estudo.

No segundo teste, os prefeitos e oficiais locais eram informados da efetividade de enviar cartas lembrando aos contribuintes que estava na hora de pagar os impostos.

Dois anos depois, a probabilidade de que aqueles municípios que participaram da reunião terem implementado a política era 10% maior do que no grupo de controle, sem diferença relevante entre prefeitos de segundo mandato ou que enfrentariam reeleição.

Os pesquisadores admitem que alguns prefeitos talvez nem conhecessem esse tipo de carta antes, mas que isso é improvável, uma vez que um terço dos municípios brasileiros já usam algum aviso do tipo. Os dados sugerem que foi o alerta de efetividade que fez a diferença.

O estudo também nota que foram analisadas políticas baratas e fáceis de implementar, e que o resultado pode ser diferente para políticas mais caras e complexas.

Mas de qualquer forma, os dados são um alento para quem acredita em "políticas públicas baseada em evidências", um mantra entre especialistas mas que nem sempre é abraçado pelos governantes.

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