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Postura do Brasil sobre a Síria deve ser cautelosa, diz professor

Creomar de Souza, professor da Universidade Católica de Brasília, também ressaltou a necessidade de atenção diante das reações de potências internacionais

Síria: segundo o professor, o que cabe à política externa brasileira neste momento é tentar estabelecer aqueles padrões históricos que normalmente marcam a ação do país (Ammar Abdullah/Reuters)
AB

Agência Brasil

Publicado em 7 de abril de 2017 às 18h08.

A postura brasileira diante do conflito na Síria , especialmente após o bombardeio americano a uma base militar na país, deve ser de cautela e de atenção diante das reações de potências internacionais como a Rússia diante deste processo.

Essa é a avaliação do professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília, Creomar de Souza, que é um dos convidados a falar em painel na Comissão de Relações Exteriores do Senado na segunda-feira (10).

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Para Souza, "tendo em vista o atual panorama econômico, político e institucional no qual nos encontramos", a postura brasileira deve ser de "bom senso" e de chamar a comunidade internacional para a tentativa de solução do conflito por meio do diálogo.

"O que cabe à política externa brasileira neste momento é tentar estabelecer aqueles padrões históricos que normalmente marcam a nossa ação. Um ponto de vista que sejam o mais multilateral possível, que chame todos os entes para um diálogo e que efetivamente dê espaço para abertura de alternativas baseadas na não violência. Porque, sendo muito claro, passado aquele momento de euforia na qual nós achávamos que o Brasil era um ator que iria transformar as relações internacionais, é preciso um aporte mais realista para entender as nossas limitações. E elas se colocam em termos de poder, em termos de dinheiro e em termos mesmo de alcance do nosso discurso político", avalia o professor.

Na análise de Souza, a atitude do presidente americano teve a ver, inicialmente, com a necessidade de sinalizar para o público interno dos Estados Unidos que a política externa do país "tem dono, tem cérebro e, principalmente, tem músculos para exercer sua vontade em algum momento".

"As pessoas estão muito preocupadas com o ato em si. Isto quer dizer, com o Trump ter lançado as bombas, mas, na verdade, esta é uma ação, no meu ponto de vista, que não tem a ver diretamente com lançar as bombas. Tem a ver muito mais com a necessidade do Trump de mostrar para o público interno americano que ele tem o controle da política externa, que ele sabe o que está fazendo e, mais importante, que ele não vacilará quando a força dos Estados Unidos for desafiada por alguém", disse.

Sobre a possibilidade de que a ação americana signifique a evolução da guerra da Síria para um conflito mundial, o professor acredita que "ainda é cedo para esse tipo de elucubração".

"É óbvio que, como qualquer ser humano habitante do planeta, o medo do conflito em escala global e generalizada é algo que nos acomete. Mas, de fato, o que nós temos nesse primeiro momento, creio, é algo muito mais próximo daquilo que nós em alguns momentos da Guerra Fria, como a crise dos mísseis na década de 1960, do que efetivamente uma deflagração inicial de conflito", analisou.

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