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Aliada de Ciro, Marina Silva critica volta do marqueteiro João Santana

Ex-senadora foi alvo de ataques produzidos pelo comunicador, hoje contratado pelo PDT, na campanha presidencial de 2014, contra Dilma Rousseff

Marqueteiro do PT foi contratado pelo PDT (Nacho Doce/Reuters)

Marqueteiro do PT foi contratado pelo PDT (Nacho Doce/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 24 de abril de 2021 às 14h20.

Última atualização em 24 de abril de 2021 às 14h21.

Vista como possível apoiadora de Ciro Gomes na eleição presidencial do ano que vem, a ex-senadora Marina Silva criticou nesta sexta-feira o marqueteiro João Santana,
contratado pelo PDT. Segundo a líder da Rede Sustentabilidade, Santana, que foi preso pela Operação Lava-Jato, “representa a antítese do debate, é a política vista como um produto a ser vendido a qualquer custo e sem limite ético”.

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“Digo isso com conhecimento de causa por ter sido vítima desse tipo de estratégia em 2014, em ataques do PT, produzidos e operacionalizados por Santana. Portanto, jamais cometeria a incoerência de aceitar trabalhar com ele”, disse Marina, em nota após ser questionada se a contração do marqueteiro poderia dificultar seu apoio a Ciro.

Na eleição presidencial de 2014, Marina, que concorria pelo PSB e chegou a liderar a disputa, foi alvo de propagandas produzidas por Santana, responsável pela comunicação da campanha à reeleição da então presidente Dilma Rousseff. Um dos vídeos do horário eleitoral petista falava sobre a proposta de Marina de promover a independência formal do Banco Central. No vídeo, a consequência era a retirada de comida da mesa de trabalhadores. No final, Marina acabou em terceiro lugar.

“Não tenho como responder por Ciro nem pelo PDT. Apenas eles podem falar por suas escolhas e seus motivos. Quanto a mim, desde 2014 venho repetindo que uma campanha política tem que ser baseada no debate aprofundado de programas para o Brasil. O marketing jamais deveria se sobrepor a isso”, afirmou Marina.

E concluiu:

“Permaneço na minha posição sobre a natureza de uma campanha política. Ou mudamos o foco ou continuaremos a ser engolidos pelo reinado das fake news e do vale-tudo”.

'Legitimidade' para Ciro

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, em fevereiro, a líder da Rede disse que Ciro tem “legitimidade” para liderar chapa alternativa a Jair Bolsonaro e ao PT, sugerindo se aliar a ele.

Fiel escudeiro de Marina e integrante do grupo que coordenou a campanha presidencial de 2014, Pedro Ivo Batista, ex-porta-voz da Rede (cargo equivalente ao de presidente em outros partidos), considerou “lamentável” a contratação.

— A Rede não tinha e nem tem posição por candidatos agora. Queremos primeiro discutir o programa. Mas esse marqueteiro é um gol contra — afirmou.

Santana acertou contrato de um ano com o PDT, pelo qual receberá R$ 250 mil mensais. A ideia é que depois ele trabalhe na campanha presidencial de Ciro. O marqueteiro foi condenado a oito anos e quatro meses de prisão na Lava-Jato por lavagem de dinheiro.

Em 2017, fechou acordo de delação premiada e confessou ter conta na Suíça para receber caixa dois. Até outubro, cumpriu prisão domiciliar e estava proibido de trabalhar com política. Agora, cumpre pena em regime aberto.

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