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Por que Temer escalou um réu no STF para seu governo?

Afilhado político de Renan Calheiros, Marx Beltrão assumiu comando do Ministério do Turismo


	Max Beltrão (PMDB-AL): Empenhado em emplacar a PEC do teto de gastos públicos, o governo peemedebista resolveu nomear o deputado federal para a pasta de Turismo
 (./Agência Câmara)

Max Beltrão (PMDB-AL): Empenhado em emplacar a PEC do teto de gastos públicos, o governo peemedebista resolveu nomear o deputado federal para a pasta de Turismo (./Agência Câmara)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 5 de outubro de 2016 às 20h57.

Brasília – Mesmo com índice de rejeição elevado, o presidente Michel Temer (PMDB) nomeou o deputado federal Marx Beltrão (PMDB-AL) para o comando do Ministério do Turismo. Há meses, o presidente hesitava sobre a nomeação porque Beltrão é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por crime de falsidade ideológica. 

A denúncia é de que, quando foi prefeito de Coruripe, em Alagoas, Beltrão teria apresentado ao Ministério da Previdência Social comprovantes de repasse e recolhimento contendo informações falsas. À época, o agora ministro minimizou as acusações.

Nos últimos meses, palpites de interlocutores sustentaram a resistência de Temer à indicação. A maioria deles dizia que a nomeação de Beltrão poderia atribuir ainda mais reprovação ao governo. 

Nesta quarta-feira (5), porém, o presidente decidiu ceder. Mas afinal, por que Temer escalou um réu no STF para seu time de ministros?

Para manter a governabilidade, Temer sabe da necessidade de manter o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) por perto. Segundo interlocutores do presidente, além de afilhado político, Beltrão seria uma escolha pessoal de Calheiros. 

“Para evitar qualquer problema com Renan que pudesse atrapalhar seus planos de emplacar uma série de medidas impopulares, Temer resolver ceder”, disse um parlamentar próximo da cúpula peemedebista. “Manter Renan como aliado é uma preciosidade”.

A pressão para a nomeação do deputado federal para a pasta de Turismo também partiu do próprio PMDB. Há algumas semanas, nomes importantes da bancada peemedebista vinham sinalizando que poderiam votar contra medidas consideradas essenciais para a retomada da economia. 

Empenhado em emplacar a PEC do teto de gastos públicos – vista como um dos alicerces do ajuste fiscal-, o governo peemedebista resolveu aceitar a indicação de Calheiros. 

Há quem diga que essa negociação entre Temer e o presidente do Senado já dura meses. Ele teria colocado questões como o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em jogo para fortalecer a nomeação de Beltrão. 

Diante da resistência de Temer, Beltrão entregou ao Palácio do Planalto documentos para comprovar que não tem responsabilidade em relação a denúncias das quais foi alvo quando era prefeito de Coruripe (AL). Convencido por auxiliares de que a denúncia não era tão grave, o presidente cedeu. 

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