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Por água, índios ocupam ferrovia da Vale em MG há 4 dias

Povo indígena resolveu protestar contra a poluição do Rio Doce pela lama de rejeitos dos rompimentos das barragens em Mariana (MG)

Tribo Krenak: indígenas pedem amplo apoio da Vale para a recuperação do Rio Doce e, a curto prazo, água potável (Reprodução/Youtube)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de novembro de 2015 às 19h24.

Resplendor, Minas Gerais - Desde a sexta-feira passada, índios da etnia Krenak ocupam a linha férrea da mineradora Vale no município de Resplendor, no leste do Estado de Minas.

Com a cultura e a subsistência dependentes do Rio Doce, o povo indígena resolveu protestar contra a poluição do rio pela lama de rejeitos proveniente do rompimento das barragens em Mariana .

Eles pedem amplo apoio da Vale para a recuperação da região e, a curto prazo, água potável.

No fim da semana passada, a linha foi ocupada por galhos de árvores em chamas e desde então impedem a passagem de vagões da mineradora na linha que liga a região metropolitana de Vitória a Belo Horizonte.

A linha chegou a ser ocupada em diferentes pontos nos últimos três dias, mas foi desocupada após ordens judiciais favoráveis à Vale.

No Espírito Santo, o movimento foi liderado pela prefeitura de Baixo Guandu, que colocou tratores da administração pública nos trilhos.

O movimento dos índios, porém, não arrefeceu. Na tarde desta segunda-feira, 16, centenas deles, com muitas crianças, permaneciam no local acampados sob lonas plásticas pretas e em barracas de camping na expectativa do resultado de uma reunião com a mineradora em busca de um acordo.

Lideranças relataram que estão conseguindo manter água no local somente por meio de doações.

"Nossa existência está profundamente ligada ao rio. Quando soubemos da lama, a aldeia entrou em choque. Nossa subsistência vem dele, a pesca e todos os rituais. O momento é desesperador", disse a professora Shirley Krenak, de 36 anos, uma das cerca de 760 integrantes da aldeia.

Segundo ela, um caminhão-pipa chegou a ser enviado para a região, mas a água não tinha condições de potabilidade. "Não temos água nem para beber.

Só estamos aqui por causa das doações que estão chegando." Shirley disse que a ocupação permanecerá ocorrendo até que o problema seja resolvido.

"Não queremos apoio de quatro meses, como já foi proposto a nós. Queremos a reversão do problema no rio, nossa vida de volta."

Barqueiro há 29 anos, José Damasceno, o Zezão, de 62 anos, atravessa de uma margem a outra do Rio Doce diariamente. Nesta segunda, remava devagar enquanto relatava a tristeza da sua nova rotina sobre o rio cor de laranja.

"O pessoal vem na beira rio, senta e chora. É muito triste ver o rio que você aprendeu a nadar e que você queria ensinar seus netos a nadar dessa forma. Vou te contar que eu também não aguento", disse.

Na margem, aponta para peixes e camarões que se acumulam em estado de decomposição na margem.

"Tem um pessoal mais antigo aqui que não aceita a situação, não consegue entender. Já vimos gente se banhando no rio mesmo com lama. Eles não gostam de chuveiro", contou.

A reportagem fez questionamentos à Vale sobre um eventual acordo com os índios e como a empresa está encarando o protesto, mas não houve resposta até a noite desta segunda.

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Resplendor, Minas Gerais - Desde a sexta-feira passada, índios da etnia Krenak ocupam a linha férrea da mineradora Vale no município de Resplendor, no leste do Estado de Minas.

Com a cultura e a subsistência dependentes do Rio Doce, o povo indígena resolveu protestar contra a poluição do rio pela lama de rejeitos proveniente do rompimento das barragens em Mariana .

Eles pedem amplo apoio da Vale para a recuperação da região e, a curto prazo, água potável.

No fim da semana passada, a linha foi ocupada por galhos de árvores em chamas e desde então impedem a passagem de vagões da mineradora na linha que liga a região metropolitana de Vitória a Belo Horizonte.

A linha chegou a ser ocupada em diferentes pontos nos últimos três dias, mas foi desocupada após ordens judiciais favoráveis à Vale.

No Espírito Santo, o movimento foi liderado pela prefeitura de Baixo Guandu, que colocou tratores da administração pública nos trilhos.

O movimento dos índios, porém, não arrefeceu. Na tarde desta segunda-feira, 16, centenas deles, com muitas crianças, permaneciam no local acampados sob lonas plásticas pretas e em barracas de camping na expectativa do resultado de uma reunião com a mineradora em busca de um acordo.

Lideranças relataram que estão conseguindo manter água no local somente por meio de doações.

"Nossa existência está profundamente ligada ao rio. Quando soubemos da lama, a aldeia entrou em choque. Nossa subsistência vem dele, a pesca e todos os rituais. O momento é desesperador", disse a professora Shirley Krenak, de 36 anos, uma das cerca de 760 integrantes da aldeia.

Segundo ela, um caminhão-pipa chegou a ser enviado para a região, mas a água não tinha condições de potabilidade. "Não temos água nem para beber.

Só estamos aqui por causa das doações que estão chegando." Shirley disse que a ocupação permanecerá ocorrendo até que o problema seja resolvido.

"Não queremos apoio de quatro meses, como já foi proposto a nós. Queremos a reversão do problema no rio, nossa vida de volta."

Barqueiro há 29 anos, José Damasceno, o Zezão, de 62 anos, atravessa de uma margem a outra do Rio Doce diariamente. Nesta segunda, remava devagar enquanto relatava a tristeza da sua nova rotina sobre o rio cor de laranja.

"O pessoal vem na beira rio, senta e chora. É muito triste ver o rio que você aprendeu a nadar e que você queria ensinar seus netos a nadar dessa forma. Vou te contar que eu também não aguento", disse.

Na margem, aponta para peixes e camarões que se acumulam em estado de decomposição na margem.

"Tem um pessoal mais antigo aqui que não aceita a situação, não consegue entender. Já vimos gente se banhando no rio mesmo com lama. Eles não gostam de chuveiro", contou.

A reportagem fez questionamentos à Vale sobre um eventual acordo com os índios e como a empresa está encarando o protesto, mas não houve resposta até a noite desta segunda.

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