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Polícia violou direitos humanos em chacina no Pará, diz relatório

Policiais sustentam que chegaram à fazenda para cumprir ordens de prisão e foram recebidos a tiros pelos ocupantes da terra

Chacina: dez agricultores foram assassinados na fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco (iStock/Thinkstock)

Chacina: dez agricultores foram assassinados na fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco (iStock/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de maio de 2017 às 17h31.

Brasília - Um relatório realizado por deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa concluiu que a polícia violou direitos humanos, desobedeceu protocolos legais e descaracterizou a cena de crime que resultou na chacina de dez agricultores na fazenda Santa Lúcia, em Pau D'Arco, no sudeste do Pará.

Em relatório apresentado nesta terça-feira, 30, os deputados estaduais Carlos Bordalo (PT), Lélio Costa (PCdoB) e Ozório Juvenil (PMDB) negaram que tenha havido confronto no local, conforme versão defendida por policiais.

"Houve tudo naquele local, menos confronto. Não temos a intenção de defender quem comete crimes, mas nesse País não há pena de morte e as autoridades devem obedecer protocolos legais. Nesse episódio, nada disso foi respeitado", declarou Bordalo, que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.

O relatório apresentado foi elaborado pelos três parlamentares que integraram uma delegação que esteve no local do crime.

Segundo eles, foram colhidos relatos de testemunhas, familiares das vítimas e sobreviventes, bem como uma comparação entre as versões contadas por eles e pela polícia.

Policiais sustentam que chegaram à fazenda para cumprir ordens de prisão e foram recebidos a tiros pelos ocupantes da terra.

Por isso, teriam reagido. A história é contestada pelos familiares das vítimas e sobreviventes.

Eles afirmam que o grupo estava refugiado na mata e foi surpreendido pelos policiais, que já teriam chegado atirando.

Alguns conseguiram fugir, mas as vítimas foram torturadas e mortas.

O relatório agora deve ser aprovado pela comissão e colocado à disposição das autoridades competentes.

"Esta é uma peça do Parlamento, não é da polícia, e não pretendemos ter uma afirmação definitiva", explica o presidente da Comissão de Direitos Humanos.

"Cabe à polícia, ao Ministério Público e à Justiça apurar e utilizar essas informações que coletamos para contribuir para que o estado aperfeiçoe seus protocolos. Não é possível que um Estado que teve o episódio da Curva do S, em Eldorado dos Carajás, volte a ter algo do gênero, em Pau D'Arco", declarou Carlos Bordalo.

Na semana passada, o secretário de segurança do Pará, Jeannot Jansen, determinou o afastamento dos 29 policiais - 21 militares e oito civis - envolvidos no conflito.

Eles não podem mais participar de qualquer missão policial e devem colaborar com as investigações para esclarecer os fatos.

Os policiais afirmam que cumpriam ordem judicial de prisão e de busca e apreensão de armas contra invasores da propriedade quando foram recebidos a tiros.

Eles prestaram depoimento sigiloso ao Ministério Público Estadual.

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