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Polícia do Paraná prende oito pessoas em operação contra MST

Os investigados são suspeitos de praticar crimes como furto e dano qualificado, roubo, invasão de propriedade e incêndio criminoso

MST: entre os suspeitos, estão um vereador eleito este ano e um dirigente do movimento (Wilson Dias/ABr/Agência Brasil)

MST: entre os suspeitos, estão um vereador eleito este ano e um dirigente do movimento (Wilson Dias/ABr/Agência Brasil)

AB

Agência Brasil

Publicado em 4 de novembro de 2016 às 18h20.

Oito pessoas foram presas hoje (4) na Operação Castra, deflagrada pela Polícia Civil do Paraná. A operação tem como alvo integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

A Justiça autorizou o cumprimento de 14 mandados de prisão preventiva nas cidades de Quedas do Iguaçu, Francisco Beltrão e Laranjeiras, no interior do Paraná; e em São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Os investigados são suspeitos de praticar crimes como furto e dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e irrestrito e constrangimento ilegal. Entre os suspeitos, estão um vereador eleito este ano e um dirigente do movimento. Os nomes não foram divulgados.

Também devem ser cumpridos dez mandados de busca e apreensão e dois de condução coercitiva, quando a pessoa é levada a prestar depoimento na delegacia.

Confusão em Guararema

De acordo com a assessoria do MST, por volta das 9h25, dez viaturas das polícias Civil e Militar entraram na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, no interior de São Paulo, para cumprir um dos mandados de prisão da Operação Castra.

Durante a ação, de acordo com o movimento, dois militantes foram detidos por desacato e uma ficou ferida com estilhaços de bala.

Um vídeo da ação divulgado pelo MST mostra policiais entrando no local e dois militantes sendo detidos. O vídeo também mostra um policial ameaçando as pessoas que estavam na escola no momento da operação. "Eu acho que alguém vai sair morto daqui. Pode ser nós, pode ser vocês", diz o agente.

Em nota, o movimento diz que a polícia entrou no local sem apresentar mandado judicial. "O MST repudia a ação da polícia de São Paulo e exige que o governo e as instituições competentes tomem as medidas cabíveis nesse processo. Somos um movimento que luta pela democratização do acesso à terra no país e a ação descabida da polícia fere direitos constitucionais e democráticos", diz o comunicado.

Em nota, a Polícia Civil de Mogi das Cruzes diz que recebeu solicitação de ajuda da Polícia Civil do Paraná para cumprir um mandado de prisão em Guararema.

"Ao chegarem ao local, policiais do GARRA foram recebidos com violência. Cerca de duzentas pessoas que estavam presentes tentaram desarmar os agentes e quatro deles ficaram feridas", diz a nota da corporação, que também confirmou as duas prisões.

"Durante a ação, duas pessoas foram encaminhadas à Delegacia de Guararema para registro de Termo Circunstanciado de desobediência, resistência e desacato."

A Operação Castra

A investigação teve início em março de 2016, após uma ocupação na Fazenda Dona Hilda, em Quedas do Iguaçu. Segundo a Polícia Civil, naquela ocasião, empregados da propriedade foram mantidos em cárcere privado e sob mira de armas de fogo.

O dono da fazenda disse à polícia que, após a invasão, cerca de 1,3 mil cabeças de gado sumiram e ele estimou o prejuízo em R$ 5 milhões por danos à propriedade. Segundo a investigação, parte dos animais foi vendida pelos integrantes do MST.

Criminalização de movimentos sociais

Para o MST, a operação de hoje, que eles consideraram "truculenta", é resultado de uma "escalada da repressão contra a luta pela terra, onde predominam os interesses do agronegócio associado à violência do Estado de exceção".

O movimento diz que a operação "reedita a tese de que movimentos sociais são organizações criminosas, já repudiado por diversas organizações de Direitos Humanos e até mesmo por sentenças do STJ [Superior Tribunal de Justiça]".

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