Polícia diz que tiros no Carandiru ocorreram em confronto
Os réus foram orientados inicialmente por seu advogado a não responder às perguntas dos promotores, mas a maior parte deles ignorou a orientação
Da Redação
Publicado em 1 de abril de 2014 às 06h50.
São Paulo - Os 15 policiais do Comando de Operações Especiais (COE), acusados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídio de mais dois no Massacre do Carandiru , começaram a ser interrogados pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo por volta das 18h15 dessa segunda-feira (31). Os interrogatórios terminaram logo após a meia-noite e todos foram ouvidos.
Os réus foram orientados inicialmente por seu advogado, Celso Vendramini, a não responder às perguntas dos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto. No entanto, a maior parte deles ignorou a orientação e passou a responder aos questionamentos. Todos disseram ter feito disparos em revide aos tiros que foram disparados pelos detentos.
O tenente-coronel Armando da Silva Moreira, que era tenente quando ocorreu o massacre, foi um dos que decidiram responder a algumas perguntas feitas pelos promotores. Moreira disse que usava um colete naquele dia e que recebeu dois disparos feitos por um detento, aos quais revidou.
Acrescentou que portava um rifle e um fuzil no dia do massacre, que disparou em revide e viu o detento cair após o disparo. “Ele caiu no corredor, mas não sei se esse detento morreu ou não”.
Antes de Moreira, o coronel Walmir Corrêa Leite, tenente à época, contou que houve vários confrontos com os presos, que fizeram disparos na direção dos policiais.
Segundo ele, os policiais teriam disparado em revide. “Os disparos eram feitos com a intenção de manter distanciamento, porque o número de presos era bastante superior ao de policiais”, explicou. O coronel admitiu ter feito “quatro ou cinco disparos”.
Walmir Leite foi o primeiro a romper o silêncio imposto pelo advogado, tendo respondido a uma única pergunta feita pelo promotor Canto Neto. Ele confirmou depoimento dado anteriormente em que admitia que os policiais não tinham usado escudos naquele dia. “Se está escrito que eu disse isso, eu disse”, acrescentou, após o promotor ter lido um trecho do depoimento.
O coronel da Polícia Militar Arivaldo Sérgio Salgado, que comandava a tropa do Comando de Operações Especiais (COE) no dia em que houve o massacre na Casa de Detenção, admitiu ter feito cinco disparos na ocasião, mas sempre em confrontos com os detentos.
“Eles [detentos] gritavam para nós: 'Vocês vão morrer'. E arremessavam objetos contra nós, sacos com urinas e fezes, pedaços de madeira”, falou. “Cada vez que eles nos agrediam, havia revide”. Ele disse ainda que, em alguns desses confrontos, houve disparos feitos pelos presos.
Douglas Martins Barbosa, que estava com um revólver calibre 38 naquele dia, disse ter feito dois ou três disparos, em revide. Ele também confirmou ter visto presos, além das barricadas que foram montadas na entrada do pavimento, “deitados e agachados” o que, para os promotores, indica que eles já estavam rendidos. Barbosa explicou que o COE é uma tropa especializada em busca e salvamento de pessoas, principalmente em matas.
Outro policial ouvido foi Jair Aparecido Dias dos Santos, que contou ter procurado apoio psicológico logo após ter participado do massacre. “Não fiquei bem após os fatos”, disse ele em interrogatório, admitindo ter sentido medo no momento da invasão policial ao Pavilhão 9.
O policial Jeferson Ferreira dos Santos contou que ficou ferido durante a operação no Carandiru. "Meu braço estava todo dilacerado e sangrando", disse ele, acrescentando que não se lembrava de como o ferimento no braço foi provocado. "Acho que me feri na passagem de uma cela para outra".
Também foram ouvidos nessa segunda-feira os policiais Tarcísio Barbosa, Aparecido José da Silva, José Carlos Ferreira, Cleginaldo Roberto da Silva, Flávio Zemantauskas Haensel, Marcos do Nascimento Pina, Josenildo Rodrigues Liberal, Sandro Francisco de Oliveira e Sérgio Guimarães Leite.
O julgamento do Massacre do Carandiru apura as responsabilidades pela morte de 111 detentos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. Nesta etapa, estão sendo julgados 15 policiais do COE pela morte de oito presos e duas tentativas de homicídio.
As vítimas ocupavam o quarto pavimento (terceiro andar) da instituição, que foi desativada. Quatro dos detentos foram mortos por armas de fogo e os demais, por armas brancas.
O julgamento prossegue hoje (1º) a partir das 13h, com a fase de debates entre os promotores e o advogado de defesa.
São Paulo - Os 15 policiais do Comando de Operações Especiais (COE), acusados pela morte de oito detentos e pela tentativa de homicídio de mais dois no Massacre do Carandiru , começaram a ser interrogados pelo juiz Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo por volta das 18h15 dessa segunda-feira (31). Os interrogatórios terminaram logo após a meia-noite e todos foram ouvidos.
Os réus foram orientados inicialmente por seu advogado, Celso Vendramini, a não responder às perguntas dos promotores Márcio Friggi de Carvalho e Eduardo Olavo Canto Neto. No entanto, a maior parte deles ignorou a orientação e passou a responder aos questionamentos. Todos disseram ter feito disparos em revide aos tiros que foram disparados pelos detentos.
O tenente-coronel Armando da Silva Moreira, que era tenente quando ocorreu o massacre, foi um dos que decidiram responder a algumas perguntas feitas pelos promotores. Moreira disse que usava um colete naquele dia e que recebeu dois disparos feitos por um detento, aos quais revidou.
Acrescentou que portava um rifle e um fuzil no dia do massacre, que disparou em revide e viu o detento cair após o disparo. “Ele caiu no corredor, mas não sei se esse detento morreu ou não”.
Antes de Moreira, o coronel Walmir Corrêa Leite, tenente à época, contou que houve vários confrontos com os presos, que fizeram disparos na direção dos policiais.
Segundo ele, os policiais teriam disparado em revide. “Os disparos eram feitos com a intenção de manter distanciamento, porque o número de presos era bastante superior ao de policiais”, explicou. O coronel admitiu ter feito “quatro ou cinco disparos”.
Walmir Leite foi o primeiro a romper o silêncio imposto pelo advogado, tendo respondido a uma única pergunta feita pelo promotor Canto Neto. Ele confirmou depoimento dado anteriormente em que admitia que os policiais não tinham usado escudos naquele dia. “Se está escrito que eu disse isso, eu disse”, acrescentou, após o promotor ter lido um trecho do depoimento.
O coronel da Polícia Militar Arivaldo Sérgio Salgado, que comandava a tropa do Comando de Operações Especiais (COE) no dia em que houve o massacre na Casa de Detenção, admitiu ter feito cinco disparos na ocasião, mas sempre em confrontos com os detentos.
“Eles [detentos] gritavam para nós: 'Vocês vão morrer'. E arremessavam objetos contra nós, sacos com urinas e fezes, pedaços de madeira”, falou. “Cada vez que eles nos agrediam, havia revide”. Ele disse ainda que, em alguns desses confrontos, houve disparos feitos pelos presos.
Douglas Martins Barbosa, que estava com um revólver calibre 38 naquele dia, disse ter feito dois ou três disparos, em revide. Ele também confirmou ter visto presos, além das barricadas que foram montadas na entrada do pavimento, “deitados e agachados” o que, para os promotores, indica que eles já estavam rendidos. Barbosa explicou que o COE é uma tropa especializada em busca e salvamento de pessoas, principalmente em matas.
Outro policial ouvido foi Jair Aparecido Dias dos Santos, que contou ter procurado apoio psicológico logo após ter participado do massacre. “Não fiquei bem após os fatos”, disse ele em interrogatório, admitindo ter sentido medo no momento da invasão policial ao Pavilhão 9.
O policial Jeferson Ferreira dos Santos contou que ficou ferido durante a operação no Carandiru. "Meu braço estava todo dilacerado e sangrando", disse ele, acrescentando que não se lembrava de como o ferimento no braço foi provocado. "Acho que me feri na passagem de uma cela para outra".
Também foram ouvidos nessa segunda-feira os policiais Tarcísio Barbosa, Aparecido José da Silva, José Carlos Ferreira, Cleginaldo Roberto da Silva, Flávio Zemantauskas Haensel, Marcos do Nascimento Pina, Josenildo Rodrigues Liberal, Sandro Francisco de Oliveira e Sérgio Guimarães Leite.
O julgamento do Massacre do Carandiru apura as responsabilidades pela morte de 111 detentos no Pavilhão 9 da Casa de Detenção. Nesta etapa, estão sendo julgados 15 policiais do COE pela morte de oito presos e duas tentativas de homicídio.
As vítimas ocupavam o quarto pavimento (terceiro andar) da instituição, que foi desativada. Quatro dos detentos foram mortos por armas de fogo e os demais, por armas brancas.
O julgamento prossegue hoje (1º) a partir das 13h, com a fase de debates entre os promotores e o advogado de defesa.