Marco Feliciano: deputado já se ofereceu publicamente para ser vice do presidente Jair Bolsonaro (Vinícius Loures/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)
Agência O Globo
Publicado em 9 de dezembro de 2019 às 21h31.
Última atualização em 10 de dezembro de 2019 às 13h10.
São Paulo e Brasília — O diretório de São Paulo do Podemos decidiu expulsar, nesta segunda-feira (9), o deputado federal Marco Feliciano. Segundo a assessoria da legenda, a punição é justificada pela "incompatibilidade política", já que Feliciano se manifestou por "apoio irrestrito" ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). A legenda se diz independente do governo.
Nas eleições presidenciais de 2018, o Podemos lançou o senador Álvaro Dias (PODE-PR). Feliciano teria, assim, ignorado o candidato do partido.
Em nota publicada nas redes sociais, Feliciano diz estar orgulhoso da decisão do diretório estadual do partido, uma vez que ser expulso por apoiar o presidente Jair Bolsonaro seria motivo de orgulho.
Em nota oficial enviada à EXAME, o deputado afirma que o processo disciplinar que pode resultar na sua expulsão definitiva do Podemos foi evocado pela Comissão Executiva Nacional, conforme o estatuto do partido. De acordo com Feliciano, a comitiva estadual não poderia, portanto, proferir a decisão para este caso específico. "O mesmo será resolvido na esfera federal por esse motivo", diz em nota.
Segundo o colunista Lauro Jardim, o deputado torce pelo sucesso do projeto Aliança pelo Brasil para ingressar no futuro partido de Bolsonaro. Com a expulsão, Feliciano não perde o mandato e pode migrar de sigla.
Dirigentes do Podemos entendem que Feliciano já se ofereceu publicamente para ser vice do atual presidente da República para uma chapa em 2022. O pastor já declarou que Bolsonaro "terá um vice evangélico".
No Twitter, o parlamentar acrescentou que a decisão do diretório paulista ocorreu porque o vereador Mario Covas Neto, presidente estadual do partido Podemos em São Paulo, não queria que ele fosse candidato a prefeito da capital paulista, por defender a reeleição do tucano Bruno Covas – o atual prefeito de São Paulo é sobrinho do vereador.
A decisão do diretório estadual do partido Podemos também citou o gasto de R$ 157 mil de Feliciano, reembolsados pela Câmara, com um tratamento odontológico.
A direção nacional da legenda afirmou em nota que, mesmo com a declaração do deputado de que vai aceitar a expulsão, vai aguardar o “decurso do prazo recursal cabível ao parlamentar para manifestação”.
“Saliento que se tratou de um processo de exceção, em que sequer fui intimado a me defender. Os motivos elencados pelo partido para me expulsar são todos mentirosos. Afinal, se fossem verdade, teriam que expulsar quase todos os deputados federais, pois, como eu, pediram à Câmara ressarcimento de gastos em saúde. Nesse sentido, afirmo que jamais cometi qualquer irregularidade na minha vida pública, e quem disser ao contrário será devidamente processado civil e criminalmente”, acrescentou Feliciano.
Leia a íntegra da nota publicada por Marco Feliciano em suas redes sociais:
"Em relação à minha expulsão do Podemos, assim me manifesto:
1 - Ser expulso de um partido por apoiar o presidente Bolsonaro é para mim motivo de orgulho. Por isso aceito a decisão.
2 - Contudo, saliento que se tratou de um processo de exceção, onde sequer fui intimado a me defender.
3 - Os motivos elencados pelo partido para me expulsar são todos mentirosos. Afinal, se fossem verdade, teriam que expulsar quase todos os deputados federais, pois como eu pediram à Câmara ressarcimento de gastos em saúde.
4 - Nesse sentido, afirmo que jamais cometi qualquer irregularidade na minha vida pública, e quem disser ao contrário será devidamente processado civil e criminalmente.
5 - Por fim, deixo claro que tudo isso é uma trama do presidente estadual do Podemos, Mário Covas Neto, que colocou o partido a reboque dos interesses de seu parente Bruno Covas.
Dacar, Senegal, em 9/12/2019.
Deputado Marco Feliciano.
Vice-Líder do Governo no Congresso Nacional."