Pobreza no Brasil: queda em 2024 foi puxada por programas sociais e pelo mercado de trabalho. (Mario Tama/Getty Images)
Repórter
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 11h17.
Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 11h40.
Entre 2023 e 2024, 8,6 milhões de pessoas sairam da condição de pobreza no Brasil, segundo a nova edição da Síntese de Indicadores Sociais divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados mostram que a pobreza caiu pelo terceiro ano consecutivo.
O levantamento mostra que o país voltou ao patamar pré-pandemia. Entretanto, os dados apontam que as desigualdades de renda, especialmente entre pretos, pardos, mulheres e trabalhadores informais, seguem em nível de atenção.
A proporção de brasileiros com renda inferior à linha de US$ 6,85 PPC por dia (cerca de R$ 694 mensais) caiu de 27,3% para 23,1%.
Já na faixa da extrema pobreza — abaixo de US$ 2,15 PPC por dia — o índice recuou de 4,4% para 3,5%, representando menos 1,9 milhão de pessoas nessa situação.
| Ano | Pessoas na extrema pobreza (US$ 2,15 PPC) | Pessoas na pobreza (US$ 6,85 PPC) | ||
|---|---|---|---|---|
| (%) | (mil pessoas) | (%) | (mil pessoas) | |
| 2012 | 6,6 | 12.985 | 34,7 | 68.390 |
| 2013 | 5,8 | 11.597 | 32,5 | 64.469 |
| 2014 | 5,2 | 10.380 | 30,9 | 61.771 |
| 2015 | 5,6 | 11.384 | 31,7 | 63.963 |
| 2016 | 6,7 | 13.697 | 33,7 | 68.545 |
| 2017 | 7,3 | 14.937 | 33,7 | 69.085 |
| 2018 | 7,4 | 15.178 | 33,4 | 68.812 |
| 2019 | 7,4 | 15.276 | 32,6 | 67.540 |
| 2020 | 6,1 | 12.613 | 31,1 | 64.737 |
| 2021 | 9,0 | 18.886 | 36,8 | 76.977 |
| 2022 | 5,9 | 12.329 | 31,6 | 66.494 |
| 2023 | 4,4 | 9.282 | 27,3 | 57.572 |
| 2024 | 3,5 | 7.354 | 23,1 | 48.948 |
O estudo aponta que a continuidade do Bolsa Família em valores superiores aos pagos antes da pandemia foi importante para a redução da pobreza.
Sem os programas sociais, a pesquisa afirma que a extrema pobreza teria saltado para 10% da população, quase o triplo do índice real (3,5%). A taxa de pobreza também subiria de 23,1% para 28,7%.
O Nordeste registrou a queda mais expressiva: de 47,2% para 39,4% da população pobre em apenas um ano (-7,8 p.p.). Já a Região Sul manteve o menor percentual do país, com 11,2%.
Mulheres tinham maior incidência de pobreza (24%) que homens (22,2%)., já entre pretos e pardos, a proporção chegou a 25,8% e 29,8%, respectivamente, em comparação a 15,1% entre brancos.
Pretos e pardos, embora representem 56,8% da população, compõem 71,3% das pessoas pobres do país.
O IBGE afirma que o país segue entre os mais desiguais do mundo. Em 2022, os 20% mais ricos ganhavam, em média, 11 vezes mais que os 20% mais pobres — proporção inferior apenas à da Costa Rica entre os países analisados pela OCDE.
A comparação coloca o Brasil à frente de Chile, México, Portugal, Espanha, Itália e França em desigualdade de rendimentos.