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PMDB decide adotar independência do Planalto

Além das críticas da falta de diálogo com Dilma, os líderes da sigla agem motivados pelo sentimento de que o Planalto tenta "destruir" o partido

Deputado Eduardo Cunha (PMDB), novo presidente da Câmara: a gota d'água foi a intervenção do governo na disputa pela presidência da Câmara (Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
DR

Da Redação

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 08h45.

Brasília - Principal partido da base aliada, o PMDB decidiu que terá uma agenda autônoma e independente do governo neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff .

Além das críticas da falta de diálogo com a petista, os líderes da sigla agem motivados pelo sentimento de que o Palácio do Planalto tem colocado em prática uma estratégia para "destruir" o partido. Em contrapartida, buscam uma independência informal do governo.

Os peemedebistas afirmam que a relação com o PT chegou ao seu pior momento. Além disso, acreditam que o modelo político petista está em xeque e caminha para a derrota nas eleições de 2018.

A gota d'água foi a intervenção do governo na disputa pela presidência da Câmara, o que deixou sequelas.

Também complicou a relação o fato de o governo apoiar a criação do Partido Liberal, conduzido pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab. A ideia de Kassab era fundir o partido com o PSD para ampliar a base governista no Congresso.

Na visão dos peemedebistas, essa é mais uma manobra para enfraquecer a legenda - o que já está sendo combatido com o apoio a um projeto do DEM que dificulta a fusão de siglas.

A resposta será dada na política e na economia. Em um jantar na noite da última segunda-feira, do qual participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os peemedebistas afinaram o discurso e um plano de voo solo.

A ideia é ter uma agenda política e econômica própria, ou seja, que não necessariamente reflita os interesses do governo. "O PMDB chegou à fase da maioridade: teremos autonomia com responsabilidade", diz o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Dentre os projetos que serão encampados na seara econômica, estarão, por exemplo, aquele que atenua os efeitos da Lei de Falências, para evitar que empresas fechem as portas em decorrência de investigações, e o de redução de entraves ambientais.

A autonomia também se dará em relação a projetos prioritários para o governo. O PMDB não pretende se esforçar para aprovar as medidas de ajuste fiscal.

Na terça-feira, 10, após encontro com sindicalistas, Renan avisou que vai buscar alternativas para que o "trabalhador não seja duramente sacrificado".

Em outra frente, os presidentes das duas Casas atuarão em dobradinha para derrubar o veto da presidente à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.

A votação foi marcada para o próximo dia 24. Mas é no campo político que a autonomia será mais enfática e uma demonstração dela foi dada na terça-feira, 10. O PMDB começou a patrocinar a aprovação de uma reforma política com a cara do partido, e não do PT.

Convite

Cunha também anunciou que irá aprovar um convite global para que todos os ministros compareçam à Câmara para debates e, caso eles neguem, poderão ser aprovadas suas convocações.

A estratégia do PMDB também inclui a ampliação da influência sobre deputados e senadores da base aliada, em uma estratégia para afastá-los da esfera de influência do PT e do governo.

O partido, em especial Eduardo Cunha, não considera mais o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) como interlocutor.

Além disso, peemedebistas rejeitam liderar o governo no Senado e já impõem dificuldades para aprovar o próximo nomeado por Dilma para o Supremo Tribunal Federal.

Afirmam que, se o indicado for o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu nome não passará na sabatina.

Em geral, o partido já mira dois eventos políticos nesta legislatura que deverão levar à cisão completa da aliança: as eleições municipais de 2016 e a sucessão da Mesa Diretora da Câmara, em janeiro de 2017.

Nas eleições municipais, embora algumas alianças entre ambos estejam já em curso, como em São Paulo, a avaliação é que a guerra se dará nas pequena e médias cidades.

Já a sucessão de Eduardo Cunha, logo após a eleição municipal, também iria colaborar para a separação, tendo em vista que o grupo que elegeu o peemedebista tentará se manter no poder à revelia do PT.

Essa nova fase do PMDB inclui até mesmo mudanças internas. Está em curso uma articulação para tirar Michel Temer da presidência do partido e colocar alguém mais identificado com o novo perfil da legenda: a independência em relação ao Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Além das críticas da falta de diálogo com a petista, os líderes da sigla agem motivados pelo sentimento de que o Palácio do Planalto tem colocado em prática uma estratégia para "destruir" o partido. Em contrapartida, buscam uma independência informal do governo.

Os peemedebistas afirmam que a relação com o PT chegou ao seu pior momento. Além disso, acreditam que o modelo político petista está em xeque e caminha para a derrota nas eleições de 2018.

A gota d'água foi a intervenção do governo na disputa pela presidência da Câmara, o que deixou sequelas.

Também complicou a relação o fato de o governo apoiar a criação do Partido Liberal, conduzido pelo ministro das Cidades, Gilberto Kassab. A ideia de Kassab era fundir o partido com o PSD para ampliar a base governista no Congresso.

Na visão dos peemedebistas, essa é mais uma manobra para enfraquecer a legenda - o que já está sendo combatido com o apoio a um projeto do DEM que dificulta a fusão de siglas.

A resposta será dada na política e na economia. Em um jantar na noite da última segunda-feira, do qual participaram o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), os peemedebistas afinaram o discurso e um plano de voo solo.

A ideia é ter uma agenda política e econômica própria, ou seja, que não necessariamente reflita os interesses do governo. "O PMDB chegou à fase da maioridade: teremos autonomia com responsabilidade", diz o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Dentre os projetos que serão encampados na seara econômica, estarão, por exemplo, aquele que atenua os efeitos da Lei de Falências, para evitar que empresas fechem as portas em decorrência de investigações, e o de redução de entraves ambientais.

A autonomia também se dará em relação a projetos prioritários para o governo. O PMDB não pretende se esforçar para aprovar as medidas de ajuste fiscal.

Na terça-feira, 10, após encontro com sindicalistas, Renan avisou que vai buscar alternativas para que o "trabalhador não seja duramente sacrificado".

Em outra frente, os presidentes das duas Casas atuarão em dobradinha para derrubar o veto da presidente à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física.

A votação foi marcada para o próximo dia 24. Mas é no campo político que a autonomia será mais enfática e uma demonstração dela foi dada na terça-feira, 10. O PMDB começou a patrocinar a aprovação de uma reforma política com a cara do partido, e não do PT.

Convite

Cunha também anunciou que irá aprovar um convite global para que todos os ministros compareçam à Câmara para debates e, caso eles neguem, poderão ser aprovadas suas convocações.

A estratégia do PMDB também inclui a ampliação da influência sobre deputados e senadores da base aliada, em uma estratégia para afastá-los da esfera de influência do PT e do governo.

O partido, em especial Eduardo Cunha, não considera mais o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) como interlocutor.

Além disso, peemedebistas rejeitam liderar o governo no Senado e já impõem dificuldades para aprovar o próximo nomeado por Dilma para o Supremo Tribunal Federal.

Afirmam que, se o indicado for o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, seu nome não passará na sabatina.

Em geral, o partido já mira dois eventos políticos nesta legislatura que deverão levar à cisão completa da aliança: as eleições municipais de 2016 e a sucessão da Mesa Diretora da Câmara, em janeiro de 2017.

Nas eleições municipais, embora algumas alianças entre ambos estejam já em curso, como em São Paulo, a avaliação é que a guerra se dará nas pequena e médias cidades.

Já a sucessão de Eduardo Cunha, logo após a eleição municipal, também iria colaborar para a separação, tendo em vista que o grupo que elegeu o peemedebista tentará se manter no poder à revelia do PT.

Essa nova fase do PMDB inclui até mesmo mudanças internas. Está em curso uma articulação para tirar Michel Temer da presidência do partido e colocar alguém mais identificado com o novo perfil da legenda: a independência em relação ao Planalto. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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