PM reforça policiamento no Complexo do Alemão
Ontem, mais um policial foi ferido quando patrulhava a área, e, no início da tarde de hoje, registrou-se novo tiroteio, no qual foi ferida uma policial
Da Redação
Publicado em 2 de setembro de 2014 às 18h05.
Rio de Janeiro - A Polícia Militar (PM) do Rio de Janeiro reforçou o policiamento no Complexo do Alemão com 300 policiais para conter a movimentação dos traficantes de drogas na região, principalmente nas áreas atendidas pelas unidades de Polícia Pacificadora ( UPPs) Fazendinha, Nova Brasília e Alemão, de acordo com o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora, coronel Frederico Caldas.
O objetivo do reforço policial é asfixiar o crime organizado no conjunto de favelas do Complexo do Alemão, zona norte do Rio, que já matou 15 PMs desde que a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) iniciou o processo de instalação das UPPs há seis anos.
Na noite de ontem (1º) mais um policial foi ferido, sem gravidade, quando patrulhava a área, e no início da tarde de hoje (2) registrou-se novo tiroteio, no qual foi ferida uma policial, também sem gravidade.
De acordo com o coronel Caldas, a UPP conta com apoio de operações diárias do Batalhão de Operações Especiais (Bope), enquanto o serviço de inteligência da corporação mapeia as áreas nas quais ocorrem enfrentamentos mais frequentes dos policiais com criminosos que se escondem na região.
Em razão da tensão no local, o serviço de teleférico que atende à comunidade foi suspenso, por medida de segurança, e não tem previsão de quando voltará a funcionar.
O comandante disse que "das 38 UPPs instaladas, a do Complexo do Alemão é a que mais preocupa. Desde março nós iniciamos uma série de operações diárias, principalmente nas localidades da Nova Brasília, Fazendinha e na própria UPP do Alemão. Embora tenhamos tido redução significativa desses confrontos, a gente ainda se depara com um desafio muito grande, porque é uma área difícil, muito grande, são 56 entradas e saídas, com regiões de mata também, e o que está sendo feito é exatamente esse trabalho diário para tentar minimizar cada vez mais esses confrontos. Mas, de fato, preocupa, principalmente porque ainda é evidente a presença de marginais", explicou.
A presença de menores de idade, portando armas de fogo, vem aumentando, de acordo com Caldas.
Ele considerou que se caracteriza uma tragédia social, mas disse que a expectativa é que através dessas ações, especialmente com o emprego do Bope e o reforço dos policiais esses confrontos reduzam cada vez mais.
O coronel disse que a polícia fez uma operação de asfixia em torno da área, e observou que houve mudança na atuação dos criminosos, que chegaram a atuar na região do Parque Proletário, na Penha. Para Caldas, "é um grande desafio, mas a gente tem certeza que essa ação será capaz de minimizar a ação dos criminosos. O ideal é que não tivéssemos esses confrontos, por isso também é importante o trabalho de investigação, de identificação e prisão dos marginais. Então, estamos compartilhando as informações com a Polícia Civil para identificação dos marginais".
Ele acrescentou que a dificuldade da polícia não é só por causa do tamanho da área, mas também pela grande população do complexo e, especialmente, pela utilização de menores.
O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, reconhece o grau de dificuldade dos policiais no Complexo do Alemão, "que tem problemas, assim como tínhamos e ainda temos alguns problemas também na Rocinha, mas são locais muito grandes, com desordem urbana, nos quais a arquitetura dessas áreas facilita o esconderijo e, infelizmente, fazem nosso policial de alvo fácil, mas a gente está muito atento. No Complexo do Alemão reforçamos o policiamento, e o Bope também tem permanecido em certas áreas estratégicas e nós não vamos desistir, porque entendemos que qualquer passo que se dê para trás, vai ter uma consequência muito grande", disse.
Beltrame disse ainda que a polícia vai permanecer no Alemão e que vai procurar arrumar melhor a colocação do policiamento.
"A polícia hoje é maioria lá, vamos permanecer lá. É conversando com a população aos poucos, procurando se inteirar com a comunidade, que se vai mudar essa cultura de que, infelizmente, algumas pessoas, principalmente menores de idade, são usadas para tentar banalizar esse processo, mas nós não vamos desistir, porque entendemos que sem virar a página dessas comunidades que foram usadas por traficantes durante muito tempo, a gente não melhora a situação da segurança no Rio de Janeiro", explicou.