Fernando Haddad: para o prefeito, mesmo que haja mudanças, o produto final não substituirá o plano de governo (Cesar Ogata/Prefeitura)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2013 às 09h32.
São Paulo - Cinco meses após ser eleito, o prefeito Fernando Haddad (PT) apresentou nesta terça-feira um plano de metas mais enxuto do que o prometido durante a campanha eleitoral.
Ao contrário do afirmado no período eleitoral, o petista não se comprometeu a realizar uma série de medidas asseguradas ao eleitor, como repassar recursos para a ampliação do metrô, revitalizar a região da Luz e reduzir pela metade o tempo de espera nos postos de saúde.
Mesmo assim, se quiser cumpri-lo, Haddad terá de entregar uma obra a cada dois dias.
Avaliado em R$ 23 bilhões, o plano tem cem metas, que visam a cumprir 21 objetivos estratégicos, como universalizar a oferta de vagas em escolas infantis, reduzir a criminalidade e melhorar a mobilidade urbana.
Em 2009, o então prefeito Gilberto Kassab (PSD) definiu 223 metas. Ainda em construção, o plano passará agora pelo crivo da população, que será ouvida em 31 audiências públicas - uma em cada subprefeitura. O modelo definitivo sairá em 30 dias.
Para Haddad, mesmo que haja mudanças, o produto final não substituirá o plano de governo. "Plano de metas não é tudo o que a administração vai fazer, é o que é mais difícil", justificou.
Segundo ele, haverá uma lista de prioridades direcionadas a educação, moradia, mobilidade e saúde. "Vou acompanhar de perto, por exemplo, a construção dos três hospitais, das 55 mil moradias e das creches." Entre as principais novidades está o funcionamento 24 horas dos novos corredores de ônibus.
O programa classifica como meta até procedimentos de gestão, a exemplo da criação de novas secretarias municipais e a revisão do Plano Diretor. Os objetivos burocráticos se misturam a ações práticas, como a construção de 150 km de corredores de ônibus e melhorias viárias (novas avenidas e pontes).
Enquanto em alguns itens a administração detalha exatamente o que vai entregar, em outros é vaga. Por exemplo, promete-se uma malha cicloviária de 400 km, mas não se explica quanto será de ciclorrotas, ciclovias, ciclofaixas de lazer e calçadas compartilhadas por pedestre e ciclistas.
A meta também não define onde seriam realizadas as obras. "Tudo isso nós vamos apresentar. Para algumas metas, tínhamos essas informações todas, seguras. Mas, para outras, não. Então, não quisemos apresentar uma coisa pela metade", disse a secretária de Planejamento, Leda Paulani.
Viabilidade. A execução do programa depende diretamente de fatores externos, como a renegociação da dívida com a União - que renderia à Prefeitura entre 20% e 30% do valor total - e a arrecadação de recursos federais e estaduais, por meio de parcerias.
"Estamos na dura batalha da dívida, que nos abre um espaço grande, mas em paralelo. Também estamos em uma grande corrida dentro do governo, para elencar os projetos, aprimorá-los, para conseguir recursos em parcerias com o governo federal." Apesar disso, Leda Paulani considera o plano "absolutamente viável".
"O programa não está na dependência imediata da negociação da dívida. É óbvio que a negociação vai melhorar muitíssimo as condições de realização desse programa", disse a secretária de Planejamento.
Pela segunda vez, um prefeito de São Paulo apresenta o plano de metas. O programa é uma exigência criada em 2008 por meio de emenda à Lei Orgânica do Município e idealizada por entidades da sociedade civil.