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Planalto fez chegar a Segovia insatisfação com declarações

Em entrevista na última sexta-feira, Segovia disse que os indícios no inquérito sobre o presidente Temer eram muito frágeis

Segovia: a entrevista foi considerada um tiro no pé desde o momento em que os auxiliares próximos do presidente viram seu conteúdo (José Cruz/Agência Brasil)

Segovia: a entrevista foi considerada um tiro no pé desde o momento em que os auxiliares próximos do presidente viram seu conteúdo (José Cruz/Agência Brasil)

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Reuters

Publicado em 15 de fevereiro de 2018 às 22h35.

Brasília - O Palácio do Planalto fez chegar ao diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, a insatisfação com as declarações em que o delegado indica a tendência de arquivamento do inquérito dos portos, no qual o presidente Michel Temer é investigado, mas a avaliação é que nada pode ser feito agora que não piore a situação, disseram à Reuters fontes palacianas.

Em entrevista na última sexta-feira, Segovia disse à Reuters que os indícios no inquérito eram muito frágeis, que o benefício à empresa Rodrimar não existiu e que até agora não apareceu nada "que desse base a realmente ter uma corrupção".

Apesar da defesa do delegado e de suas declarações feita oficialmente pelo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun --escalado para falar pelo Planalto--, a entrevista foi considerada um tiro no pé desde o momento em que os auxiliares próximos do presidente viram seu conteúdo.

"A primeira reação foi 'o que esse cara acha que está fazendo?' Ninguém entendeu o que ele quis com aquilo", disse uma das fontes.

Se a intenção era ajudar, a avaliação é que as declarações de Segovia não apenas trouxeram à tona um assunto que não estava mais nas primeiras páginas, como ainda tornaram mais difícil o arquivamemento sem parecer que houve uma interferência indevida nas investigações.

O Planalto ainda espera o clima esfriar e não planeja agir, a menos que a situação fique insustentável. A avaliação é que qualquer movimento agora poderia ser ainda pior e alimentar a crise. A expectativa é que as explicações que o diretor-geral vai dar ao ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, na próxima segunda-feira, seja o último ato da crise.

Dentro da PF, no entanto, o clima continua agitado. Nesta quinta-feira, o grupo de delegados que atua em inquéritos perante o STF fez um memorando interno em que ameaça recorrer à corte para barrar uma eventual interferência em investigações.

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