Planalto decide hoje substituição nos Correios
Paulo Bernardo já tem os nomes que deverão ocupar a vaga do coronel Eduardo Artur Rodrigues, que pediu demissão na segunda
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2010 às 21h23.
O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, já entrou em ação para abafar a crise na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT).
Sua primeira medida como interventor do órgão foi reunir-se nesta terça-feira com o presidente dos Correios, David José de Matos, e conversar ao telefone com o ministro das Comunicações, José Artur Filardi Leite, para decidir as estratégias a fim de limpar a imagem da companhia, envolvida nos escândalos que culminaram na queda da ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra.
Paulo Bernardo ficou à frente do caso a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ordenou que o ministro interrompesse suas férias que terminariam no dia 5 de outubro para se tornar interventor da crise nos Correios.
No encontro com o presidente da instituição, Bernardo aproveitou para jogar na mesa os nomes cotados para substituir o coronel Eduardo Artur Rodrigues, ex- diretor de operações da estatal. Ele pediu demissão nesta segunda-feira depois de ser apontado como testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey, verdadeiro dono da Master Top Linhas Aéreas (MTA).
Os nomes devem ser apresentados ainda hoje ao presidente Lula, que passou o dia cumprindo agenda no Tocantins. A tendência é que a vaga seja ocupada por um técnico com conhecimento nas áreas de transportes e logística.
O objetivo do governo é realizar a substituição o mais rápido possível para evitar uma crise ainda maior. Mesmo não participando da reunião, Lula mandou uma mensagem de incentivo aos dirigentes da companhia. Com Paulo Bernardo como porta-voz, disse ter confiança em toda a equipe e direção de trabalhadores dos Correios.
Casa Civil
Esta é a segunda vez que o ministro Paulo Bernardo atua como interventor dos Correios. Em julho, ele participou da reformulação da estatal, ao lado de Erenice Guerra. A presença de Bernardo nos bastidores muitas vezes apagando a atuação do ministro das Comunicações - não é gratuita.
O presidente Lula fez questão de que ele não se candidatasse nessas eleições para continuar no governo. Bernardo foi cotado para ser ministro da Casa Civil duas vezes com a saída de Dilma Rousseff da pasta e agora com a queda de Erenice Guerra. E, caso Dilma seja eleita, as chances de que ele ocupe o cargo são grandes, uma vez que Guerra está fora do páreo.
Ordem
Depois do encontro com Paulo Bernardo, o presidente dos Correios reuniu o grupo de diretores e superintendentes da estatal para repassar as ordens vindas do Planalto. Mário Renato Borges da Silva, chefe do departamento de relação institucional dos Correios, afirmou que a preocupação dos ministros foi mostrar que a empresa está funcionando normalmente: "A ideia é que tenhamos um plano de ações objetivo até o final do ano e que as pessoas entendam que os Correios continuam operando".
As ações de curto prazo são voltadas para o fim do ano, quando a demanda por correspondências aumenta substancialmente.
Além das cartas durante o período de Natal e Ano Novo, a estatal é responsável pela distribuição de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pelo transporte de todos os livros didáticos da rede pública de ensino do país, cujo número chega a 135 milhões. Para evitar maiores desgastes na imagem da empresa, os Correios deverão ainda atingir os consumidores: agências provisórias serão montadas e o número de guichês de atendimento, aumentados.
Leia mais sobre Estatais
Siga as últimas notícias de Economia no Twitter