PGR pede abertura de inquérito para apurar protestos antidemocráticos
O procurador-geral não citou Bolsonaro, mas justificou o pedido ao STF dizendo que os atos foram cometidos por vários cidadãos, inclusive deputados federais
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de abril de 2020 às 14h40.
Última atualização em 20 de abril de 2020 às 14h52.
O procurador-geral da República, Augusto Aras , pediu nesta segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal ( STF ) a abertura de um inquérito para apurar a organização de atos antidemocráticos realizados no país na véspera que pediram o fechamento do Congresso Nacional e do STF, um dos dos quais contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro .
Aras não cita especificamente o presidente Jair Bolsonaro, que participou de um ato em Brasília neste domingo em que se pedia a intervenção militar, mas justificou o pedido ao STF dizendo que os atos foram cometidos "por vários cidadãos, inclusive deputados federais". Cabe ao Supremo investigar pessoas com foro como deputados.
A presença de Bolsonaro na manifestação, em que apoiadores pediam o fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, gerou forte repercussão negativa entre políticos, ministros da Suprema Corte e entidades.]
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, Bolsonaro não é alvo do inquérito pois até o momento não há indício de participação dele na organização dos atos. Um integrante da Cúpula da PGR informou à reportagem que o inquérito "não tem alvo", e sim "investigação para apurar autorias".
A investigação refere-se a atos realizados em todo o país, neste domingo, em que participantes pediram o fechamento de instituições democráticas, como o Congresso Nacional e o STF. O inquérito visa apurar possível violação da Lei de Segurança Nacional (7.170/1983). Uma das pautas de parte dos manifestantes era a reedição do AI-5, o ato institucional que endureceu o regime militar no País.
"O Estado brasileiro admite única ideologia que é a do regime da democracia participativa. Qualquer atentado à democracia afronta a Constituição e a Lei de Segurança Nacional", afirmou o procurador-geral.
No domingo, 19, Aras havia divulgado uma nota pública em que reitera o compromisso do Ministério Público brasileiro de velar "pela ordem jurídica que sustenta o regime democrático, nos termos da Constituição Federal".