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PF pede prisão preventiva de suspeitos de hackear Moro e Deltan

Grupo foi preso em regime temporário na terça-feira; autoridades buscam identificar pagamentos feitos para invasão de celulares

Hakcers: suspeitos de invadir celulares de autoridades são investigados (Thomas Samson/AFP)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de agosto de 2019 às 19h20.

A Polícia Federal pediu ao juiz Ricardo Leite, da 10.ª Vara Federal de Brasília, decretação da prisão preventiva do grupo sob suspeita de hackear os celulares do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), do procurador Deltan Dallagnol , coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato no Paraná, e de mil autoridades dos três Poderes.

A Procuradoria da República em Brasília ainda vai se manifestar. Os investigadores defendem a manutenção da custódia de Walter Delgatti Neto, o "Vermelho", Gustavo Henrique Santos, o "DJ Guga", sua companheira Suélen Priscila Oliveira e Danilo Cristiano Marques.

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O grupo, que a PF define como "quadrilha", foi preso em regime temporário na terça-feira, 23, por ordem do juiz Wallisney. Na sexta-feira, 26, o magistrado prorrogou por mais cinco dias a temporária dos quatro investigados.

O prazo da prisão imposta ao grupo termina nesta quinta-feira, 1 à meia noite. O juiz federal pode converter o regime de reclusão em preventiva, quando não tem data para encerrar. Ou pode soltar os investigados.

A PF busca identificar pagamentos ao grupo, supostamente liderado por "Vermelho". Na residência do "DJ Guga", os federais apreenderam R$ 99 mil em dinheiro vivo. Os federais rastreiam movimentações bancárias e em criptomoedas dos investigados.

"Vermelho" confessou à Polícia Federal que hackeou Moro e Deltan e centenas de procuradores, juízes e delegados federais, além de jornalistas. Ele acumula processos por estelionato, falsificação de documentos e furto.

Desde junho, Moro é alvo de divulgação de diálogos a ele atribuídos com o procurador, pelo site The Intercept. O site afirmou que recebeu de fonte anônima o material, mas não revelou a origem.

O hacker disse que chegou ao site via Manuela D'Ávila, ex-deputada (PCdoB/RS), que foi candidata a vice do petista Fernando Haddad na campanha presidencial em 2018.

Quando seu nome foi citado na Operação Spoofing, Manuela esclareceu que no dia 12 de maio foi comunicada pelo aplicativo Telegram que, naquele mesmo dia, seu dispositivo havia sido invadido no Estado da Virginia, Estados Unidos.

"Minutos depois, pelo mesmo aplicativo, recebi mensagem de pessoa que, inicialmente, se identificou como alguém inserido na minha lista de contatos para, a seguir, afirmar que não era quem eu supunha que fosse, mas que era alguém que tinha obtido provas de graves atos ilícitos praticados por autoridades brasileiras. Sem se identificar, mas dizendo morar no exterior, afirmou que queria divulgar o material por ele coletado para o bem do país, sem falar ou insinuar que pretendia receber pagamento ou vantagem de qualquer natureza."

"Pela invasão do meu celular e pelas mensagens enviadas, imaginei que se tratasse de alguma armadilha montada por meus adversários políticos. Por isso, apesar de ser jornalista e por estar apta a produzir matérias com sigilo de fonte, repassei ao invasor do meu celular o contato do reconhecido e renomado jornalista investigativo Glenn Greenwald", destacou Manuela.

Ela disse que "desconhece" a identidade de quem invadiu seu celular. "Desde já, me coloco a inteira disposição para auxiliar no esclarecimento dos fatos em apuração. Estou, por isso, orientando os meus advogados a procederem a imediata entrega das cópias das mensagens que recebi pelo aplicativo Telegram à Polícia Federal, bem como a formalmente informarem, a quem de direito, que estou à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o ocorrido e para apresentar meu aparelho celular à exame pericial", ressaltou a ex-deputada.

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