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PF investiga publicações com ameaças a Moro em rede social

Intimidações foram feitas após o juiz não acatar a ordem de soltura do ex-presidente Lula determinada pelo desembargador Rogério Favreto

Não é a primeira vez que Moro sofre ameaças; desde 2016 ele anda com escolta armada (Leonardo Benassatto/Reuters)

Não é a primeira vez que Moro sofre ameaças; desde 2016 ele anda com escolta armada (Leonardo Benassatto/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de julho de 2018 às 20h57.

Última atualização em 10 de julho de 2018 às 22h41.

São Paulo - A Polícia Federal, no Paraná, investiga ameaças ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, após ele não acatar a ordem de soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinada pelo desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), no domingo, 8. Uma série de publicações em rede social, feitas a partir do domingo, hostilizam e buscam intimidar o magistrado.

O juiz federal Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio, reuniu algumas dessas ameaças e publicou em seu Twitter. São oito postagens publicadas no domingo, dia em que Lula quase foi solto por ordem do desembargador plantonista do TRF-4 - que é ex-filiado do PT e com histórico de trabalho nos governos do partido.

Todos os perfis compilados por Bretas falam sobre "matar o Moro". "Não é possível q o PT não tenha um assassino de aluguel pra matar o Sérgio Moro", afirma um deles.

"Alguém precisa matar o Sérgio Moro", diz outro.

As investigações da PF correm em sigilo, em procedimento já aberto anteriormente. Não é a primeira vez que Moro sofre ameaças. Desde 2016 ele anda com escolta armada. Naquele ano, a PF investigou ameaças semelhantes feitas na internet, que pregavam atos de violência contra o juiz.

Desde então, ele abandonou o carro e a bicicleta como meios de transporte para ir ao trabalho e demais compromissos - que também sofreram alterações. Voltou a andar em carro blindado e acompanhado de escolta armada sempre que sai de sua residência - em um bairro residencial de classe média de Curitiba.

Há dez anos, quando condenou o traficante carioca Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, o magistrado também viveu sob proteção de agentes federais e policiais civis. Sua escolta hoje é formada por agentes de segurança judiciária da Justiça Federal do Paraná e da Polícia Federal.

Rogério Favreto mandou soltar o ex-presidente duas vezes pela manhã e durante a tarde. O desembargador alegou "um fato novo" - a pré-candidatura do petista.

A PF não cumpriu a ordem de Favreto para soltar Lula, sob alegação de que estava esperando por uma definição sobre a liberdade ou a manutenção da prisão de Lula.

A primeira decisão do desembargador foi derrubada pelo relator da Lava Jato, João Pedro Gebran Neto. As duas ordens de soltura perderam efeito, por decisão do presidente da Corte, Thompson Flores.

Lula está preso desde 7 de abril na PF, em Curitiba. O ex-presidente foi condenado pelo Tribunal da Lava Jato a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex.

Nesta terça-feira, 10, os juízes federais, por meio de sua principal entidade - a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) -, defenderam a "independência judicial". O texto não cita nominalmente Lula, mas se refere inteiramente ao imbróglio do domingo.

Os magistrados afirmam que a atuação da Justiça Federal em processos criminais que envolvem agentes públicos ou políticos acusados de corrupção "é isenta e imparcial, não havendo razão para se estranhar decisões que condenem e prendam pessoas consideradas culpadas, independentemente do poder ou condição econômica e social".

Depois que a ordem de soltura de Lula foi revogada, lideranças partidárias atacaram a Justiça. "É inadmissível que magistrados, no exercício das funções constitucionais, sejam alvos de ataques pessoais, provenientes de figuras públicas ou de dirigentes de partidos políticos."

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