PF filma deputado ligado a Temer recebendo propina, diz jornal
Segundo empresário, propina seria parte de pagamento por mediação em conflito no Cade
Talita Abrantes
Publicado em 17 de maio de 2017 às 21h13.
Última atualização em 17 de maio de 2017 às 22h05.
São Paulo - O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, gravou uma conversa em que o presidente Michel Temer aparece autorizando o repasse de dinheiro para calar o ex-deputado Eduardo Cunha, preso no âmbito da operação Lava Jato. As informações são do jornalista Lauro Jardim, de O Globo.
Na mesma conversa, Batista pede ajuda a Temer para resolver uma pendência da J&F no governo.
Temer indica, então, o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para cuidar do problema. Depois, Rocha Loures, que é conhecido por ser um dos homens de confiança do presidente, foi filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil enviados por Joesley Batista.
O empresário pediu ajuda a Loures para resolver uma disputa no Cade entre a Petrobras e a Usina Termelétrica EPE, que pertence à J&F. Segundo Batista, a empresa perde cerca de 1 milhão de reais por dia com os preços do gás fornecido pela estatal à termelétrica.
Segundo o empresário, o indicado por Temer ligou em seguida para o presidente em exercício do Cade, Gilvandro Araújo. Não há evidências de que o pedido tenha sido atendido.
De qualquer forma, ficou acertado o pagamento de 500 mil reais semanais por 20 anos em propina pelos serviços prestados. Loures teria dito que levaria a proposta de pagamento a alguém acima dele - pelo contexto, em uma suposta referência ao presidente Michel Temer, de acordo com o jornal.
A primeira parcela do pagamento foi entregue em uma mala para Loures em uma pizzaria no Jardim Paulista, em São Paulo. A entrega do dinheiro foi filmada pela Polícia Federal.