PF faz operação na sede da Precisa Medicamentos, alvo da CPI da Covid
Agentes cumprem nesta sexta-feira mandados de busca e apreensão em endereços relacionados à empresa em Barueri e em Itapevi
Agência O Globo
Publicado em 17 de setembro de 2021 às 08h13.
Última atualização em 17 de setembro de 2021 às 08h31.
A Polícia Federal (PF) cumpre na manhã desta sexta-feira mandados de busca e apreensão na sede da Precisa Medicamentos, em São Paulo. A empresa é alvo da CPI da Covid por ter intermediado a aquisição de doses da Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech.
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A operação mira endereços em Barueri e em Itapevi, em escritórios da empresa e locais de armazenamento de distribuição de produtos. Os mandados foram solicitados pela cúpula da CPI da Covid e autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli.
Em seu perfil no Twitter, o vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que a operação destina-se à apreensão de informações relativas ao contrato entre a Precisa e a Bharat Biotech, assim como todos os documentos relacionados ao contrato.
"A CPI tentou de todas as formas obter essas informações e não logrou êxito. Fez-se necessário, para prosseguimento das apurações, a utilização deste instrumento judicial", escreveu o parlamentar.
A Precisa Medicamentos entrou na mira da CPI da Covid por ter intermediado a compra de doses da Covaxin entre o Ministério da Saúde e a farmacêutica Bharat Biotech. A comissão quer saber como a representante, alvo de inquéritos do Ministério Público, lucrou com a transação avaliada em R$ 1,6 bilhão para fornecer 20 milhões de imunizantes.
A compra do imunizante indiano, que acabou suspensa pelo Ministério da Saúde após as denúncias de irregularidades virem à tona, é uma das principais linhas de investigação da CPI. Como mostrou o GLOBO, o Ministério Público Federal (MPF) já identificou indícios de crime na compra das 20 milhões de doses feita pela pasta, e pediu que o caso seja investigado na esfera criminal.
Em depoimento à Polícia Federal, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde Roberto Dias admitiu que "não é comum" a pasta efetuar pagamento a empresas que não constam de contratos. Dias classificou ainda como "atípico" o processo de importação da vacina Covaxin pelo governo federal, intermediado pela Precisa e que indicava uma empresa sediada em Cingapura, fora do acordo, para receber recursos públicos.
Segundo um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, o diretor institucional da Precisa Medicamentos, Danilo Trento, fez movimentações de valores incompatíveis com o seu faturamento mensal e de sua empresa, chegando a receber R$ 2 milhões mensais.