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PF apura se cunhada de Vaccari recebeu R$ 400 mil em propina

João Vaccari foi um dos 11 acusados de serem operadores de propina na Petrobras, via ex-diretor de Serviços Renato Duque


	Vaccari: "Marice [cunhada] nunca prestou serviço de courrier", afirmou tesoureiro, segundo registro da PF
 (Roosewelt Pinheiro/ABr)

Vaccari: "Marice [cunhada] nunca prestou serviço de courrier", afirmou tesoureiro, segundo registro da PF (Roosewelt Pinheiro/ABr)

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Da Redação

Publicado em 12 de fevereiro de 2015 às 15h36.

São Paulo e Curitiba - A Polícia Federal investiga se o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, recebeu do doleiro Alberto Youssef - alvo central da Operação Lava Jato - cerca de R$ 400 mil usando como emissária sua cunhada Marice Corrêa Lima.

Em depoimento prestado no dia 5, em São Paulo - quando foi deflagrada a nova fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way -, Vaccari foi questionado pelos delegados da PF se a cunhada foi usada como "courrier" para o recebimento de valores de propina na Petrobras.

"Marice nunca prestou serviço de courrier", afirmou Vaccari, segundo registro da PF. "Tampouco recebeu R$ 400 mil em espécie de Alberto Youssef."

Vaccari foi um dos 11 acusados de serem operadores de propina na Petrobras, via ex-diretor de Serviços Renato Duque.

Todos foram conduzidos coercitivamente à PF para prestar esclarecimentos no dia 5.

O tesoureiro do PT falou por cerca de três horas e negou a acusação do doleiro, em sua delação, de a cunhada ter recebido R$ 400 mil em seu nome.

"Não confirma a declaração prestada por Alberto Youssef, onde esse teria afirmado que Marice seria (sua) emissária", registrou a PF.

Em novembro, a cunhada de Vaccari também foi levada coercitivamente para depor na PF, depois de interceptação telefônica indicar a entrega de valores de uma das construtoras do cartel alvo da Lava Jato, em seu endereço, em São Paulo.

O ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco - outros dois delatores da Lava Jato - revelaram à PF que Vaccari era o elo do PT com o esquema de arrecadação de propina que variava de 1% a 3% em contratos bilionários da Petrobras, desde 2003.

O tesoureiro do PT negou no depoimento à PF a informação do ex-diretor de Abastecimento. Disse não ter recebido 2% dessa "propina" nos contratos da Petrobras.

PT

Vaccari foi citado em outubro pelos dois primeiros delatores da Lava Jato - Costa e Youssef - como contato do PT na Diretoria de Serviços para arrecadação de propina.

Em novembro, seu nome voltou a ser apontado pelo ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco como elo do partido no esquema.

Segundo Barusco, Vaccari operou a arrecadação de até US$ 200 milhões em propina na Petrobras entre 2003 e 2013.

A delação do ex-gerente de Engenharia - braço direito de Duque, na época - serviu de base para a nona fase da operação Lava Jato, deflagrada há uma semana.

Vaccari foi perguntado pelos delegados sobre esses valores. Em resposta, o tesoureiro disse "nunca ter recebido, em nome do Partido dos Trabalhadores, o valor aproximado de US$ 150 a 200 milhões de 'propina' proveniente de 90 contratos firmados com a Petrobras".

Para os investigadores, Duque era o diretor colocado pelo PT para efetivar a arrecadação de propina entre as 16 empresas do cartel que se organizou para afastar concorrência nas contratações da Petrobras.

Vaccari afirmou que todas as contribuições obtidas por ele para o partido "foram absolutamente dentro da lei".

Ontem, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que vai acionar na Justiça o ex-gerente de Engenharia pelas afirmações de que o partido arrecadou até US$ 200 milhões em propina durante dez anos, em cerca de 90 contratos da Petrobras.

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