Brasil

Petrobras será foco dos debates de TV

Aécio atribuirá responsabilidades dos escândalos à Dilma Rousseff e a petista deve explorar denúncias contra o PSDB, como o cartel de trens e o mensalão mineiro


	Aécio Neves e Dilma Rousseff em debate da Globo: Candidatos se enfrentarão em três debates
 (REUTERS/Ricardo Moraes)

Aécio Neves e Dilma Rousseff em debate da Globo: Candidatos se enfrentarão em três debates (REUTERS/Ricardo Moraes)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2014 às 09h50.

Brasília - Os candidatos à Presidência Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) se encaram pela primeira vez neste 2.º turno na terça-feira (14), em debate na TV Bandeirantes, que deve ter como assunto principal os escândalos da Petrobras.

Aécio vai cobrar explicações e usar tom mais duro para atribuir responsabilidades à presidente, que concorre ao segundo mandato. Dilma, por sua vez, insistirá em um "pacote" de suspeitas que pesam sobre os tucanos.

A ordem na equipe petista é partir para a ofensiva contra o PSDB, citando denúncias não apenas contra Aécio, mas também casos como a aprovação da emenda da reeleição, no governo Fernando Henrique Cardoso, e o do cartel de trens e metrô nas gestões Geraldo Alckmin e José Serra e Mário Covas, todas do PSDB.

Dilma foi orientada a explorar o mensalão mineiro como matriz da corrupção. O escândalo ocorreu durante a campanha de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas, em 1998. Além disso, a presidente vai destacar a denúncia de compra de votos no Congresso, em 1997, para permitir a reeleição do então presidente FHC. A ideia é mostrar o que os petistas chamam de "contradição" entre a proposta de Aécio de acabar com a reeleição e o que o PSDB fez quando comandava o País.

"Quem defendeu a reeleição foram eles, e com métodos pouco republicanos", disse ao Estado o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que tirou férias para ajudar na campanha de Dilma. "Então, quando eles estão no governo, mudam a regra, durante o jogo, para favorecer o governo deles. E quando nós ganhamos querem mudar de forma casuística? A democracia precisa ter regras estáveis e mudanças assim, de última hora, são perigosas." O plano de governo de Aécio prevê o fim da reeleição e alteração do mandato de quatro para cinco anos apenas em 2022.

‘Desespero’

Para a campanha do PSDB, os petistas mostram "desespero" na reta final. Aécio vai insistir nos depoimentos do ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef para fustigar Dilma. Na quinta-feira, a Justiça Federal divulgou áudios dos depoimentos nos quais a dupla acusa o tesoureiro do PT, João Vaccari, de receber propina desviada da Petrobrás. Em nota, Vaccari disse que processará os depoentes.

"Esse tipo de vazamento, no meio da campanha, é uma aberração", afirmou o ministro de Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, amigo de Vaccari. "Isso é contrário ao interesse do processo, coloca a honra das pessoas exposta à opinião pública e permite interpretações de que o juiz promoveu uma ação de cunho eleitoral." O tema da corrupção promete esquentar a campanha nesta reta final.

Além do confronto na TV Bandeirantes, Dilma e Aécio vão participar de outros três debates - SBT na quinta-feira, Record no próximo domingo e Globo no dia 24. Nesses enfrentamentos, o tucano vai insistir que, na época da nomeação de Costa - o diretor de Abastecimento da Petrobrás que delatou um esquema de cobrança de propina na estatal para favorecer o PT, o PMDB e o PP -, Dilma era ministra de Minas e Energia do governo Lula.

Aécio lembrará que o ministério é responsável por diretrizes e investimentos do setor de petróleo e gás. Ministra da Casa Civil a partir de 2005, Dilma também foi presidente do Conselho Administrativo da Petrobrás, cargo que ocupava quando a estatal comprou a refinaria de Pasadena, nos EUA. O negócio provocou prejuízo milionário à empresa.

Para o candidato do PSDB, essas credenciais empurram Dilma para a posição de "corresponsável" pela corrupção na Petrobrás. Pesquisas em poder da campanha de Aécio mostram que os eleitores aprovaram a atitude dele, nos últimos debates do 1.º turno, ao cobrar "indignação" de Dilma em relação aos escândalos. Com essa avaliação, Aécio vai repetir a estratégia nos próximos confrontos.

"As pessoas são responsáveis tanto por suas ações quanto por suas inações. O festival de corrupções aconteceu nas barbas dela’’, resumiu o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:aecio-nevesDilma RousseffEleiçõesEleições 2014Oposição políticaPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPSDBPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Plano golpista no Planalto previa armas de guerra

Indícios contra militares presos são "fortíssimos", diz Lewandowski

Câmara aprova projeto de lei que altera as regras das emendas parlamentares

PF envia ao STF pedido para anular delação de Mauro Cid por contradições