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Petrobras não subirá preço do diesel, diz ministro

Numa tentativa de encerrar o protesto de caminhoneiros, o governo anunciou uma série de propostas, como o congelamento do preço do diesel nos próximos 6 meses


	Diesel: "a Petrobras nos informou que não haverá reajuste do diesel nos próximos 6 meses", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto
 (Mark Renders/Getty Images)

Diesel: "a Petrobras nos informou que não haverá reajuste do diesel nos próximos 6 meses", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto (Mark Renders/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2015 às 20h56.

Brasília - O governo anunciou uma série de propostas nesta quarta-feira numa tentativa de pôr fim aos protestos de caminhoneiros que bloqueiam estradas o país, como a estabilidade dos preços do diesel por seis meses, sanção sem vetos da lei que reduz custos dos setor e carência de 12 meses para o pagamento de financiamentos de caminhões.

Os protestos de caminhoneiros, que entraram em seu oitavo dia nesta quarta-feira, bloqueavam nesta tarde mais de 90 pontos de rodovias federais, em dez Estados, prejudicando o abastecimento de diversas mercadorias, como alimentos e combustíveis, com reflexos nas exportações do país.

Os caminhoneiros reivindicam custos menores com impostos e diesel, além de uma melhora nas taxas de frete.

"A Petrobras nos informou que não haverá reajuste do diesel nos próximos seis meses", disse o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, a jornalistas no Palácio do Planalto, ressaltando que a manifestação da estatal foi feita com base em seus indicadores e que não teve o objetivo de compor o acordo negociado.

Após encontro com lideranças do setor, empresários, parlamentares e governantes, o ministro listou uma série de propostas para encerrar o movimento dos caminhoneiros, incluindo a sanção integral da nova lei do caminhoneiro e a carência de 12 meses para pagamento dos financiamentos de caminhões para novos e antigos contratos.

Ele condicionou a efetivação das medidas ao fim do movimento.

A lei dos caminhoneiros estabelece, por exemplo, entre outras coisas, que veículos de transporte de carga que circularem vazios não pagarão tarifa de pedágio sobre os eixos que se mantiverem suspensos. "Um dos temas importantes que esta na lei é que os caminhões que trafeguem vazios, com eixos suspensos, estarão isentos do pagamento de pedágios por eixos suspensos", disse Rossetto, acreditando essa medida pode reduzir custos da categoria.

O ministro também disse que, como forma de contemplar uma das principais reivindicações do setor, caminhoneiros e empresários do transporte vão discutir melhores condições para o pagamento do frete.

"Ficou acordado que os empresários e os caminhoneiros e seus representantes irão estabelecer uma tabela referencial de frete, uma tabela construída entre empresários e caminhoneiros", disse Rossetto.

Representantes de caminhoneiros não comentaram imediatamente as propostas do governo, mas indicaram que querem uma revisão do preço do frete.

"O problema é o que sobra no bolso do caminhoneiros, se não vai reduzir o preço do diesel, então que se aumente o preço do frete", disse Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA).

De acordo com o último boletim da Polícia Rodoviária Federal, do meio da tarde, as interdições eram registradas em rodovias federais dos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Paraná, Bahia, Espírito Santo, Ceará, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O Estado com mais interdições é o Rio Grande do Sul, com 30 bloqueios, seguido por Santa Catarina (21), Paraná (21), e Mato Grosso (10).

IMPACTOS

Muitos setores estão sentindo fortemente os efeitos dos protestos, sendo que a agropecuária está entre os mais atingidos. A indústria de soja, que lidera as exportações agropecuárias brasileiras e é fornecedora chave para a cadeia de alimentos doméstica, vê um agravamento dos gargalos da infraestrutura do país, enquanto indústrias de carnes, como a JBS e a BRF, já estão paralisando algumas unidades.

"A BRF informa que várias de suas unidades produtivas, especialmente na região Sul, foram afetadas pelos bloqueios das rodovias brasileiras. Em muitas delas, a operação será parcial amanhã (quinta-feira) porque não há como escoar os produtos prontos e, consequentemente, liberar a entrada de matéria-prima para a produção de novos", disse a companhia, maior produtora de carne de aves e suínos do Brasil, em nota no início da noite. 

Os protestos afetam ainda a colheita de soja por falta de diesel para o maquinário em alguns pontos de Mato Grosso, maior Estado produtor do grão. "É uma situação extremamente preocupante, o risco de perda de boa parte da safra é significativo", disse à Reuters o presidente da associação de produtores de Matro Grosso (Aprosoja), Ricardo Tomczyk.

O recebimento de soja pelas indústrias processadoras, assim como a chegada do grão e derivados nos portos de exportação e nas indústrias de ração, também está sendo afetado.

EXPORTAÇÃO SE MANTÉM POR ORA

Segundo Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os protestos ainda não chegaram a interromper as exportações de soja, que estão em seu início da temporada, porque os portos exportadores tinham algum estoque antes do início das manifestações. Mas, se os protestos continuarem, a soja que estava armazenada nos portos poderá acabar, prejudicando os embarques e gerando custos adicionais, por conta de multas aplicadas em atrasos no embarque de navios.

Na terça-feira, os manifestantes bloquearam o acesso ao porto de Santos, o principal do país, enquanto o número de caminhões levando soja para o porto de Paranaguá continua bem aquém do esperado para esta época.

Caminhoneiros liberaram nesta quarta-feira o acesso ao porto de Santos, o principal do país.

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