Exame Logo

Petrobras espera concluir investigação em junho

Comissão interna investiga negócios relacionados à polêmica aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos

Graça Foster: "estamos caminhando para o final do processo que tem como objetivo analisar fatos e dados da aquisição da refinaria", disse (Wilson Dias/ABr)
DR

Da Redação

Publicado em 12 de maio de 2014 às 16h28.

Rio de Janeiro - A comissão interna da Petrobras que investiga negócios relacionados à polêmica aquisição da refinaria de Pasadena , nos Estados Unidos, deve concluir suas apurações em junho.

"Nós estamos caminhando para o final do processo que tem como objetivo analisar fatos e dados da aquisição da refinaria, para identificar impactos e responsabilidades que podem ter trazido prejuízo para a companhia", disse a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, em entrevista a jornalistas nesta segunda-feira.

A compra da refinaria localizada no Texas, envolvida numa controvérsia sobre os valores desembolsados pela Petrobras, motivou pedido da instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), já aprovada.

"É um compromisso da diretoria e do empregado com ética, transparência na condução das atividades", adicionou ela durante comentários sobre os resultados do primeiro trimestre divulgados na sexta-feira.

O movimento de investigação dos negócios relacionados a Pasadena se intensificou após Dilma Rousseff, presidente do Conselho da estatal na época do negócio, ter dito em março que o aval para a compra da refinaria foi dado com base num documento "técnica e juridicamente falho".

Segundo a nota da Presidência da República, o resumo executivo preparado pela diretoria da Área Internacional na época "omitia" informações como a cláusula "put option", que levou a Petrobras a pagar valores muito maiores pela refinaria do que os 360 milhões de dólares desembolsados inicialmente por 50 por cento da unidade.

Ao final, a estatal pagou 1,25 bilhão de dólares por Pasadena e ainda teve de fazer investimentos de 685 milhões de dólares em melhorias operacionais, manutenção, paradas programadas até 2013.

Outras Investigações

Outras duas comissões internas têm demandado esforços adicionais por parte do corpo técnico da estatal, com investigações sobre a compra e contratação de bens e serviços para a Refinaria do Nordeste (Rnest) e para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).

Mas, segundo a executiva, os trabalhos não atrapalham os resultados operacionais da companhia. De acordo com ela, o desempenho do primeiro trimestre é uma prova disso.

"Essas comissões de apuração interna tomam bastante tempo das pessoas e gerentes experientes, num alto nível de responsabilidade. É uma tarefa adicional e é importante que tudo seja apurado", declarou a presidente da estatal.

"Estamos trabalhando para virar essa página no mais curto prazo de tempo. Não vejo que as comissões tragam prejuízo à companhia", afirmou.

No primeiro trimestre do ano, o lucro da estatal ficou em 5,4 bilhões de reais, 30 por cento abaixo do resultado do primeiro trimestre de 2013.

Recentemente, os trabalhos de uma comissão interna da Petrobras sobre suposto pagamento de propina a funcionários da estatal pela holandesa SBM Offshore não confirmaram denúncias.

Órgãos federais como o Tribunal de Contas da União e a Polícia Federal têm investigado denúncias relacionadas à estatal.

Na semana passada, a Justiça Federal do Paraná determinou a quebra do sigilo bancário de transferências da Petrobras para algumas empresas envolvidas na construção da Refinaria do Nordeste, no âmbito da operação Lava-Jato da Polícia Federal, que investiga lavagem de dinheiro.

A Justiça ainda decidiu pela quebra de sigilo bancário do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e de alguns familiares.

Além de Pasadena, Comperj e Rnest, a estatal investiga ainda negócios com outras duas empresas, a Ecoglobal e a Astromarítima.

São Paulo - O primeiro trimestre ainda nem acabou, mas a Petrobras já acumulou problemas neste período que podem valer para o ano inteiro. Entre processo de investigação de propina, preço das ações despencando e produção de petróleo menor, a petroleira dá indícios que não vive um bom momento. Veja, a seguir, 10 enroscos em que a Petrobras já se meteu neste ano:
  • 2. Investigação sobre propina

    2 /11(Sérgio Moraes/Reuters)

  • Veja também

    Em fevereiro, ex-funcionários da holandesa SBM, que aluga navios-plataformas, fizeram denúncias que apontam que empregados da Petrobras receberam propina para fechar negócios. O processo indica que funcionários e intermediários da petroleira receberam cerca de 140 milhões de dólares. A Petrobras abriu uma auditoria interna para apurar as denúncias. Segundo Graça, os primeiros resultados da auditoria levaram 30 dias para sair. A Comissão de Fiscalização da Câmara dos Deputados aprovou hoje requerimento para que a empresa esclareça tais irregularidades.



  • 3. Endividamento bilionário

    3 /11(REUTERS/Nacho Doce)

  • A captação de  8,5 bilhões de dólares anunciada pela Petrobras nesta semana deve impactar ainda mais o endividamento da estatal. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, a dívida líquida da petroleira deverá passar de 100 bilhões de dólares até 2018. De acordo com o novo plano de negócios quinquenal da Petrobras (2014-2018), 60,5 bilhões de dólares serão levantados em dívida bruta nos próximos cinco anos.

  • 4. Queda da produção

    4 /11(Pedro Lobo/Bloomberg News)

    Em 2013, a produção de petróleo da Petrobras caiu 2,5% no Brasil. Neste ano, em janeiro, a produção também recuou.  No primeiro mês do ano, a produção total de petróleo e gás natural ficou 2,2% abaixo do total produzido em dezembro de 2013, quando atingiu 2,36 milhões de barris de óleo equivalente por dia. Segundo a empresa, a interrupção da produção em duas unidades instaladas na Bacia de Campos e a venda de participação no Parque das Conchas impactaram a produção do período.


  • 5. Multa bilionária

    5 /11(REUTERS/Sergio Moraes)

    Entre outubro de 2013 e janeiro deste ano, a Petrobras recebeu cinco autuações da Receita Federal que somam 8,7 bilhões de reais. As informações estão no prospecto preliminar publicado na Securities and Exchange Comission (SEC), regulador do mercado de capitais da América do Norte. A Petroleira informou que já apresentou recursos em todos os casos. O processo ainda está em fase de julgamento.

  • 6. Ações despencaram

    6 /11(Alexandre Battibugli/EXAME)

    No final do mês passado, as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras caíram  para o menor nível desde 2005 após a divulgação de que a dívida líquida da empresa havia crescido 50% no último ano. Os papéis preferenciais da empresa tiveram a maior queda da bolsa de São Paulo no dia 26 de fevereiro. As ações fecharam o dia cotadas a 13,70 reais, seu menor valor desde 27 de dezembro de 2005.

  • 7. Valor de mercado menor

    7 /11(Dado Galdieri/Bloomberg)

    A Petrobras foi a empresa que mais encolheu em valor de mercado no mês de fevereiro deste ano.
    Segundo dados da consultoria Economática, a estatal perdeu 12 bilhões de reais no mês passado na bolsa brasileira, período no qual o Ibovespa recuou 1,14%. Boa parte da queda é atribuída aos maus resultados de 2013 apresentados pela empresa.

    No final de fevereiro, o valor de mercado da estatal era de 172,8 bilhões de reais.

  • 8. Preço do dólar divergente

    8 /11(Bruno Domingos/Reuters)

    Durante evento para divulgar seu plano de investimentos para os próximos cinco anos, a Petrobras afirmou que vai trabalhar com um dólar de 2,23 reais neste ano.

    A cotação média do mercado, no entanto, ultrapassa a cifra de 2,40 reais e a diferença está preocupando o mercado, que não consegue entender como a estatal chegou a esse valor.
  • 9. Preço do combustível

    9 /11(Divulgação/Petrobras)

    A interferência do governo nos negócios da Petrobras também tem preocupado investidores, principalmente quando o assunto é o polêmico  reajuste no preço do combustível.

    A fim de não aumentar a inflação, o governo tem segurado os preços e a estratégia tem impactado negativamente a petroleira. A estimativa do mercado é que a empresa tenha deixado de ganhar 1,1 bilhão por não repassar alta do petróleo.

  • 10. Independência do governo

    10 /11(Francois Lenoir/Reuters)

    No mês passado, Silvio Sinedino, funcionário da Petrobras há 26 anos e presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), ganhou o direito de ocupar uma cadeira no conselho de administração da estatal. Ao que tudo indica, Sinedino quer deixar claro que os funcionários da companhia não compactuam com a ideia de que as decisões da empresa teriam de estar totalmente alinhadas às decisões do Governo Federal. Hoje o conselho da Petrobrás é formado por dez membros, sete indicados pelo governo, um pelos acionistas minoritários de ações minoritárias, um pelos acionistas de ações preferenciais e um pelos empregados.





  • 11. Agora, veja 20 empresas que dominam o país

    11 /11(AGÊNCIA BRASIL)

  • Acompanhe tudo sobre:Capitalização da PetrobrasCaso PasadenaCombustíveisEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasIndústriaIndústria do petróleoPetrobrasPetróleoPolítica no Brasil

    Mais lidas

    exame no whatsapp

    Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

    Inscreva-se

    Mais de Brasil

    Mais na Exame