Brasil

Petistas atribuem protestos a governo, mídia e direita

Para alguns petistas, protestos sem uma identificação partidária revelam nova forma de movimento social que, no passado recente, era capitaneado pelo partido


	"Há um sentimento estranho em relação à Dilma. O autismo do governo alimenta um sentimento de 'volta, Lula' que ainda não está canalizado, mas pode vir a ficar", afirmou dirigente do partido
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

"Há um sentimento estranho em relação à Dilma. O autismo do governo alimenta um sentimento de 'volta, Lula' que ainda não está canalizado, mas pode vir a ficar", afirmou dirigente do partido (REUTERS/Ueslei Marcelino)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2013 às 15h21.

Brasília - Em meio a busca de explicações para o surgimento das manifestações em todo o país, integrantes da cúpula do PT, ouvidos pelo Broadcast Político, serviço de informação em tempo real da Agência Estado, se dividem entre aqueles que culpam o governo pelo afastamento da sociedade e os que creditam a manutenção dos protestos aos interesses da direita e da mídia.

Na avaliação de alguns petistas, os protestos sem uma identificação partidária revelam uma nova forma de movimento social que, no passado recente, era capitaneado pelo partido, responsável em grande parte por dar voz aos "anseios" das classes. Agora, no entanto, o partido apenas "vê a banda passar".

Parte dessa falta de protagonismo atual, para alguns, deve-se a um "caldo de cultura" gerado desde o julgamento do mensalão e pelo afastamento da presidente Dilma Rousseff dos políticos e consequentemente do PT.

"Isso já vem ocorrendo nos últimos cinco anos quando uma parcela da sociedade viu no mensalão que o PT, que era quem representava as multidões nas suas reivindicações, também não se salvava", disse um petista sob a condição de anonimato. "Dilma precisa disputar a agenda da sociedade. Não o faz porque acha que é centro da gravidade. A postura de que ela está acima da classe política também criou um caldo de cultura que veio desaguar agora", acrescentou.

Em meio ao descontentamento com Dilma, surge entre alguns representantes do partido um sentimento de "volta, Lula". "Há um sentimento estranho em relação à Dilma. O autismo do governo alimenta um sentimento de 'volta, Lula' que ainda não está canalizado, mas pode vir a ficar", afirmou outro dirigente do partido.

"Tudo isso pode injetar ânimo no movimento 'volta, Lula' porque ele conseguia segurar as massas, que sabiam que não seria prejudicadas, e os empresários que sabiam que ele, além de segurar as massas, ao mesmo tempo tinha coragem de colocar um Henrique Meirelles no Banco Central", completou um parlamentar do partido.

Procurado pelo Broadcast Político, o secretário de Comunicação Social do PT, Paulo Frateschi, negou que tenha qualquer movimentação interna pelo retorno de Lula. "Não é nossa avaliação. Há muito diálogo com a presidente. Ela vem dando respostas, mas mesmo assim os ataques da imprensa continuam", afirmou.

Segundo ele, a permanência dos protestos nas principais cidades do país é alimentada pela mídia. "Porque vocês elogiam tanto que a luta não acabou. Vocês da mídia mesmo estão incentivando ir para o pau", disse.

Para Frateschi, a falta de lideranças partidárias nos protestos também faz parte de uma ação da direita. "Os nossos adversários estão fazendo um movimento para rebaixar a política. É uma tentativa de mudar a tática por parte da direita. Nós caminhamos numa luta política de projetos. O que acontece é que, na luta política, a direita se deu mal", afirmou. "É um momento tenso para a política nacional. Mas tem consequência para todos os lados", acrescentou.

Acompanhe tudo sobre:Partidos políticosPolíticaPolítica no BrasilProtestosProtestos no BrasilPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Justiça determina prisão de 98 anos a Renato Duque, ex-diretor da Petrobras

Prouni 2024: inscrições para vagas do 2º semestre começam na próxima terça, 23

Letalidade policia cresce 188% em 10 anos; negros são as principais vítimas, aponta Anuário

⁠Violência doméstica contra a mulher cresce 9,8% no Brasil, aponta Anuário de Segurança Pública

Mais na Exame