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Pesquisadora da Fiocruz atribui falta de vacinas a "incompetência diplomática"

Para a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo, "as gestões diplomáticas fracassaram"

O Ministério da Saúde informou neste domingo, 22, que deve assinar "cartas de intenção não-vinculantes" para compra de vacinas de cinco desenvolvedores (Diego Vara/Reuters)

O Ministério da Saúde informou neste domingo, 22, que deve assinar "cartas de intenção não-vinculantes" para compra de vacinas de cinco desenvolvedores (Diego Vara/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 08h28.

Última atualização em 21 de janeiro de 2021 às 11h03.

Pioneira no atendimento de pacientes de covid-19 no Brasil, a pneumologista e pesquisadora da Fiocruz Margareth Dalcolmo responsabilizou a "absoluta incompetência diplomática" do País pelo atraso na chegada de insumos para a produção de vacinas contra o novo coronavírus. Segundo a médica, "as gestões diplomáticas fracassaram".

Tanto a Coronavac, do Butantan, quanto a vacina de Oxford, a ser produzida pela Fiocruz, dependem de insumos vindos da China, que já deveriam ter chegado ao País, mas estão retidos na alfândega chinesa. A Índia, por sua vez, mandaria um lote de dois milhões de doses já prontas da vacina de Oxford para adiantar a campanha de vacinação brasileira, mas também houve atrasos.

"A absoluta incompetência diplomática do Brasil não permite que cada um dos senhores aqui presentes, suas famílias e aqueles que vocês amam estejam amanhã ou nos próximos meses recebendo a única solução que há para uma doença como a covid-19", discursou Margareth Dalcolmo, visivelmente emocionada, ao receber uma homenagem da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Governo nega

O ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, atribuiu a problemas burocráticos e à elevada demanda internacional o atraso na liberação de vacinas prontas do laboratório AstraZeneca e do chamado ingrediente farmacêutico ativo (IFA) da Sinovac e da AstraZeneca já comprados pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz na China e na Índia.

A vacina e o IFA são fundamentais para a continuidade da imunização contra a Covid-19, hoje limitada às 6 milhões de doses iniciais da Coronavac, do laboratório Sinovac, aplicadas no Brasil desde o dia 17. Araújo participou nesta quarta-feira (20) de reunião informal da Comissão Externa de Enfrentamento à Covid-19, da Câmara dos Deputados, com foco nos riscos de um longo intervalo até a retomada da vacinação. O ministro afirmou que o Brasil mantém “relação madura e construtiva” com a China e a Índia e descartou problemas políticos e diplomáticos nesse atraso.

“Todo o processo está avançando e queremos acelerar justamente para que possamos manter o cronograma de vacinação. O comércio com a China cresceu expressivamente nos dois anos do nosso governo. Em 2020, cresceu 30% em comparação com 2019. Estamos juntos no Brics e tenho certeza que isso se refletirá também neste caso. Não é um assunto político, é um assunto de demanda por um produto”, afirmou o ministro.

Para acelerar a liberação das vacinas e do princípio ativo que permitirá a produção nacional, Ernesto Araújo disse ter conversado pessoalmente com o ministro de Relações Exteriores da China.

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