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PCC aprofunda aliança com facção na Rocinha

Segundo a polícia fluminense, a facção paulista estabeleceu aliança com a Amigo dos Amigos (ADA) para controlar pontos de tráfico de drogas no Rio

Rocinha: controlada pela ADA, favela é o primeiro passo da intenção da facção paulista de ampliar participação no tráfico de drogas no Rio (Marcelo Horn/ GERJ)

Rocinha: controlada pela ADA, favela é o primeiro passo da intenção da facção paulista de ampliar participação no tráfico de drogas no Rio (Marcelo Horn/ GERJ)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de janeiro de 2017 às 11h07.

Última atualização em 8 de janeiro de 2017 às 11h08.

Rio - A Polícia Civil fluminense identificou que o Primeiro Comando da Capital (PCC) aprofunda, desde o ano passado, uma aliança com a Amigo dos Amigos (ADA), facção carioca menor que a majoritária Comando Vermelho (CV) no domínio do tráfico de drogas. O PCC quebrou o acordo de cooperação de mais de 20 anos com o CV no ano passado. Em outubro, a facção paulista oficializou a união com a ADA, o que levou a mudanças no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.

Segundo o promotor André Guilherme de Freitas, da execução penal do Ministério Público, após o rompimento cem criminosos do PCC que estão em unidades cariocas pediram para mudar de galeria. Eles estavam espalhados por prédios dominados pelo Comando Vermelho e emitiram um "seguro" (pedido de segurança) para serem transferidos para a galeria B7 da Penitenciária Jonas Lopes de Carvalho, conhecida como Bangu 4. Ali ficam os detentos ligados à ADA, menor que o CV. Freitas considera que a mudança pode ter facilitado o trabalho de integração das duas facções.

"Agora, eles estão juntos, o que facilita a tomada de decisões e de estratégia para expandir o controle do tráfico. Tenho informações de que bandidos da ADA já migraram para o PCC. Eles oferecem uma logística organizada, disciplinada, coisa que a ADA não tem. O CV enterra dinheiro no chão, a ADA briga entre si", disse.

Apesar de dominar menos comunidades no Rio que o CV, a ADA controla pontos importantes do tráfico, como a Rocinha, na zona sul, e o Complexo da Pedreira, com 11 favelas, na zona norte. A polícia estima que 60% das comunidades do Estado sejam dominadas pelo CV, e os outros 40% estejam divididos entre ADA, Terceiro Comando Puro (TCP) e milícias.

A Rocinha é controlada pela ADA desde 2004. O delegado titular da 11ª Delegacia de Polícia (Rocinha), Antonio Ricardo, disse ao Estado que ainda não há registros oficiais de bandidos do PCC no local. Atualmente, a favela é controlada por Rogério Avelino da Silva, conhecido como Rogério 157 (artigo do Código Penal que qualifica o roubo). O Disque-Denúncia oferece recompensa de R$ 30 mil para quem fornecer informações sobre o criminoso. Antes de Rogério, o líder era Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, principal traficante da facção, preso em 2011.

A Polícia Civil de São Paulo apurou que integrantes do PCC estão morando na Rocinha para ajudar a gerenciar o tráfico de drogas na favela. Estão também, segundo as investigações, reforçando a segurança. Há informação de que a facção paulista mandou 14 fuzis para a ADA no segundo semestre de 2016 para ajudar na luta contra o CV.

Para o procurador de Justiça Marcio Sérgio Christino, que investiga o PCC há mais de 20 anos, a tomada da Rocinha é o primeiro passo da intenção da facção paulista de ampliar a participação no tráfico de drogas no Estado. "A guerra com o CV é por motivo exclusivamente comercial: o lucro de drogas."

Batismo. Ligações telefônicas interceptadas por policiais mostraram que a facção paulista já teria conseguido "batizar" pelo menos 90 criminosos no Rio e teria penetrado em municípios da Baixada Fluminense, Regiões Serrana e dos Lagos e Norte Fluminense. O trabalho de cooptação é feito de dentro das prisões de outros Estados, por conferências via celular. "Estamos com o tabuleiro montado dentro do Rio", diz um áudio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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