Brasil

Paulistano leva ao litoral de SP a economia de água

Só no verão passado, o consumo caiu 9% em relação ao ano anterior


	Torneira fechada: só no verão passado, o consumo de água caiu 9% em relação ao ano anterior
 (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

Torneira fechada: só no verão passado, o consumo de água caiu 9% em relação ao ano anterior (Rafael Neddermeyer/ Fotos Públicas)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de dezembro de 2015 às 13h47.

São Paulo - Acostumados com o racionamento na capital desde o início da crise hídrica, os paulistanos que descem a serra para passar o ano-novo no litoral também têm levado na bagagem o hábito de economizar água. Só no verão passado, o consumo caiu 9% em relação ao ano anterior.

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) espera que o comportamento se repita nesta temporada para conseguir atender um número três vezes maior de pessoas e evitar que as torneiras sequem em pleno calor, que beira os 40 C°.

"No réveillon do ano passado não tivemos problema de abastecimento em nenhuma cidade do litoral, além de casos pontuais. Um componente que ajudou foi o consumo mais módico das pessoas, em função de todo o debate na mídia sobre os recursos hídricos.

O resultado até nos surpreendeu. As pessoas estão mais conscientes e o uso racional da água deve se repetir nesta temporada", diz Luiz Paulo de Almeida Neto, diretor da Sabesp no litoral e interior.

Responsável pelo abastecimento de água dos 16 municípios do litoral paulista, a Sabesp espera que até 3,7 milhões turistas passem a virada do ano na praia, juntamente com outros 2 milhões de habitantes locais.

Para dar conta dessa demanda, as estações de tratamento de água vão funcionar 24 horas, com capacidade máxima de produção de 14,8 mil litros por segundo, equivalente à do Sistema Cantareira atualmente.

Ainda assim, afirma o dirigente, se não houver a economia poderá faltar água nos horários de pico de consumo.

Ducha rápida

Um bom exemplo é o do professor Rubens de Freitas Camargo, de 52, anos que está com sua família desde o Natal em São Sebastião, onde pretende ficar até o próximo dia 15.

"Não lavamos carro e ficamos pouco tempo no banho. Na verdade, quando chegamos em casa, tomamos um rápido banho de ducha, para também economizarmos energia elétrica", explicou. Ele disse ter observado que seus vizinhos também economizam água.

"Não temos visto pessoas lavando carro na garagem nem tomando banho de mangueira. Ao menos na nossa vizinhança", acrescentou Camargo, que mora no bairro do Morumbi, zona sul da capital, e está passando as férias em sua casa de praia no Pontal da Cruz.

Até agora, ele disse que ainda não teve problemas com falta d’água. "Mas percebemos que nesta temporada o número de turistas já é bem maior", contou.

As amigas Talita Mendes, de 15 anos , Geovanna Plínio Nogueira, de 18, e Mayara Rossetto, de 18, todas moradoras do bairro Butantã que passarão o ano-novo em São Sebastião, já foram "intimadas" a economizar água na praia, antes de descerem a serra.

"Nossos pais, que chegarão na quinta-feira (dia 31), já nos passaram como primeira regra economizar água", disse Mayara.

Elas contam que não demoram mais do que cinco minutos no banho, mesmo após chegarem da praia e verem a necessidade de lavar os cabelos por causa da água do mar.

"Já fiquei sem água por mais de dois dias no apartamento em São Paulo e não quero passar esse sufoco na praia", disse Geovanna.

A Sabesp informou que investiu R$ 78 milhões neste ano em melhorias no abastecimento do litoral e terá 53 caminhões-pipa para casos de emergência.

Preocupação

O valor da conta de água é uma preocupação crescente de moradores e visitantes na Baixada Santista, principalmente, após o recente aumento das tarifas.

Em Santos, no bairro do Embaré, um pequeno edifício de nove apartamentos que gasta, em média, 101 m³ de água por mês, adotou medidas para frear o custo, entre elas lavar as áreas comuns do prédio somente um vez na semana.

"Foi uma decisão em grupo, porque todos são afetados. Houve um acordo de que cada morador fará a sua parte, evitando sujar o prédio e, sempre que possível, varrendo uma parte dos corredores, da garagem e da escadaria", explica Cida Senna, subsíndica do condomínio.

"Em 2015, a conta de água do prédio subiu de R$ 350 para quase R$ 500, mas a quantidade de água usada por mês é a mesma nos últimos dois anos", diz.

A administração santista tem trabalhado para tentar poupar suas bacias hidrográficas. Um levantamento feito neste ano, coordenado pelas Secretarias Municipais de Meio Ambiente (Semam) e de Desenvolvimento Urbano (Sedurb), identificou 268,9 m² de áreas com capacidade para captar água da chuva. São telhados de conjuntos habitacionais, prédios públicos, clubes, escolas, shoppings, igrejas e câmpus que podem ser utilizados nesta função.

No bairro do Boqueirão, um shopping instalou recentemente, em aproximadamente 25% de seu telhado, um sistema que capta água da chuva e a transfere diretamente para uma caixa com capacidade para 50 mil litros.

"Essa água é exclusiva para limpeza de uma área de aproximadamente 3,5 mil m², da qual fazem parte as calçadas, o estacionamento e os corredores internos, lavados duas vezes por mês. Distribuímos em pontos específicos, com torneiras que permanecem trancadas com cadeados", diz o administrador Julio Ramos.

Em Santos, uma lei entrou em vigor em 22 de dezembro, estabelecendo 10% de desconto no Imposto Predial, Territorial e Urbano (IPTU) para edificações que instalarem telhado verde em 80% de sua cobertura.

Outra medida foi a instalação, em 70% dos 188 chuveiros da orla, de temporizadores que mantêm os equipamentos ligados por somente 15 segundos. 

Acompanhe tudo sobre:Águacidades-brasileirasEmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasMetrópoles globaisSabespSaneamentosao-pauloServiços

Mais de Brasil

Oito pontos para entender a decisão de Dino que suspendeu R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão

Ministro dos Transportes vistoria local em que ponte desabou na divisa entre Tocantins e Maranhão

Agência do Banco do Brasil é alvo de assalto com reféns na grande SP

Desde o início do ano, 16 pessoas foram baleadas ao entrarem por engano em favelas do RJ