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Partidos aliados articulam uma saída negociada de Temer

Líderes de siglas como PSDB, PMDB e DEM pretendem bloquear qualquer iniciativa de realizar eleições diretas

Michel Temer: aliados buscam continuidade do que, para eles, vem dando certo no atual governo (Ueslei Marcelino/REUTERS/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de maio de 2017 às 14h24.

Última atualização em 20 de maio de 2017 às 15h48.

São Paulo - Partidos aliados de primeira hora do presidente Michel Temer buscam uma saída negociada com o Planalto que seja uma continuidade do que, para eles, vem dando certo no atual governo. Diante da perspectiva de agravamento da crise deflagrada pelas delações da JBS , líderes de siglas como PSDB , PMDB e DEM pretendem bloquear qualquer iniciativa de realizar eleições diretas por meio de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) e articulam um nome de consenso para uma eventual disputa indireta no Congresso.

Nas últimas horas, ganhou força o nome de Henrique Meirelles, ministro da Fazenda de Temer, como uma alternativa viável para manter a base unida e a bandeira das reformas hasteada. Se Temer renunciar, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), terá 30 dias para convocar o pleito, que contará apenas com senadores e deputados no colégio eleitoral.

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Principal aliado do governo, o PSDB ensaiou uma debandada após a divulgação do áudio da conversa entre o Joesley Batista, da JBS, e Michel Temer, mas recuou após um pedido de tempo para a construção de um consenso que evitasse a implosão da base e comprometesse as reformas.

Meirelles é filiado ao PSD, partido liderado por Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicação. Ele tem sido assediado por políticos para aceitar a missão. Os outros nomes ventilados nos bastidores da Congresso são o próprio Rodrigo Maia e o senador tucano Tasso Jereissati (CE).

Meirelles tem a seu favor a condução da política econômica, que começa a apresentar os primeiros resultados, e também um bom trânsito com setores da oposição.

Pressão. Na conversa que teve com Temer anteontem, Jereissati, que assumiu a presidência interina do PSDB no lugar do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), disse ao presidente que a sigla não tomaria nenhuma "medida precipitada", mas esperaria e dialogaria com o governo antes de tomar qualquer medida.

Em entrevista ontem à rádio CBN, o tucano afirmou que não existe "apoio incondicional" a Temer. "Deixamos claro na conversa que o momento é grave. Disse que não tomaríamos medida precipitadas, mas aguardaríamos os desdobramentos", afirmou Jereissati.

Diretórios. Enquanto a cúpula do PSDB atua para evitar a implosão das reformas, a base do partido pressiona pelo rompimento com o governo. Diretórios estaduais do partido em todo o País estão se reunindo para ter posição oficial sobre o tema.

No Rio Grande do Sul, por exemplo, o partido já se posicionou pelo desembarque. O diretório paulista vai se reunir na segunda-feira e deve seguir o mesmo caminho. "São Paulo não pode assistir a esse debate sobre ficar ou não no governo de camarote. Eu penso que é preciso recomeçar do zero e convocar eleições", disse o deputado Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, por sua vez, optou por manter distância do movimento dos aliados.

Presidente do DEM, o senador José Agripino (RN) afirmou que qualquer decisão da legenda será tomada em conjunto com o PSDB. "Se Temer renunciar, Rodrigo Maia assume por 30 dias. Aí será o momento de criar o consenso."

PPS. Um dia depois de deixar o Ministério da Cultura, o presidente licenciado do PPS, Roberto Freire, disse que o partido não rompeu com o governo e vai continuar apoiando a aprovação das reformas no Congresso. Ele deve retomar a sua vaga como deputado federal. O posicionamento de Freire contraria a nota divulgada pelo partido na noite de quinta-feira, dizendo que, tendo em vista a "gravidade" das delações da JBS envolvendo Temer, o PPS havia decido "deixar o governo federal".

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