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Parlamentares vão ao BC pedir apoio para que igrejas consigam empréstimos

A reclamação de parlamentares ligados à bancada evangélica é que o governo já socorreu grandes empresas, mas ainda não estendeu a mão para as igrejas

Banco Central: presidente do BC, Roberto Campos Neto, recebeu, no último dia 22, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus (Ueslei Marcelino/Reuters)

Karla Mamona

Publicado em 1 de maio de 2020 às 13h50.

Parlamentares ligados às igrejas evangélicas pediram apoio da área econômica do governo Jair Bolsonaro para conseguir acesso a empréstimos bancários. O assunto chegou a ser levado para o B anco Central.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, recebeu, no último dia 22, o deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP), bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus e atual primeiro-vice-presidente da Câmara dos Deputados.Pereira é uma das lideranças do chamado Centrão, bloco de partidos com o qual Bolsonaro articula uma aproximação para aumentar a base de apoio do governo no Congresso Nacional.

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O temor entre os técnicos da área econômica é que a pressão dos evangélicos leve a Caixa Econômica Federal a conceder uma série de financiamentos para as igrejas na esteira da pandemia da covid-19.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a reclamação de parlamentares ligados à bancada evangélica é que o governo já socorreu grandes empresas, mas ainda não estendeu a mão para as igrejas, que precisaram fechar para evitar aglomerações durante a pandemia e estão recolhendo menos dízimo dos seus fiéis. Muitas estão fazendo campanhas para receber "doação online", até mesmo vindas do exterior.

O encontro entre Marcos Pereira e Campos Neto está registrado na agenda pública do presidente do BC, divulgada no site do banco na internet. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, Pereira e o grupo de deputados que o acompanhou quiseram saber a posição do BC sobre a possibilidade de os bancos darem empréstimos para as igrejas. O BC esclareceu que não há impedimentos legais.

Hoje, porém, os bancos não costumam conceder empréstimos a igrejas porque elas têm como garantias apenas imóveis e os dízimos dos fiéis. Fontes qualificadas do governo ouvidas pela reportagem informaram que a intenção das lideranças religiosas é obter um parecer do Banco Central para que os bancos públicos possam conceder os empréstimos.

Ao Estadão/Broadcast, o BC não negou nem confirmou o pedido do parecer. "No âmbito da regulação expedida pelo Banco Central ou pelo Conselho Monetário Nacional, o BC informa não haver nenhuma vedação normativa para a concessão de empréstimos por instituições financeiras a entidades religiosas ou a instituições sem fins lucrativos", limitou-se a dizer o BC em nota.

Procurado, o deputado Marcos Pereira disse que "não houve pedido de socorro algum ao BC", mas confirmou que as igrejas buscam acesso a empréstimos. "O que houve foi pedido de ‘esclarecimento’ a respeito da possibilidade de instituições financeiras poderem emprestar para instituições religiosas", afirmou em nota.

Nas últimas semanas, Pereira subiu o tom das provocações contra o ministro Paulo Guedes.

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