Cunha: o presidente da Câmara rompeu com o governo nessa semana (Antonio Cruz/ Agência Brasil)
Da Redação
Publicado em 18 de julho de 2015 às 09h36.
São Paulo -- Parlamentares ligados ao governo ou que têm se posicionado contra a atuação de Eduardo Cunha na presidência da Câmara defenderam ontem o afastamento do peemedebista da função, em consequência da acusação de que teria pressionado o lobista Julio Camargo a lhe pagar US$ 5 milhões em propina do esquema de corrupção na Petrobrás. A informação foi dada pelo próprio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato.
O vice-líder do governo na Câmara, Sílvio Costa (PSC-PE), aproveitou os jornalistas reunidos na Casa, logo após uma entrevista coletiva de Cunha, pela manhã, para expor sua posição. "Peço o afastamento temporário de Cunha pela tranquilidade do Parlamento", disse. O deputado afirmou que vai procurar juristas para saber se "cabe um impeachment" do peemedebista.
'Desapego'
Depois de explicar que falava por si, e não pelo governo, Costa disse que Cunha "perdeu as condições morais de ficar à frente da Câmara", mesmo tendo a seu favor a presunção legal de inocência. Para o vice-líder, se afastasse do cargo, o peemedebista mostraria que "não tem apego ao poder".
Costa afirmou que a Câmara destituiu Severino Cavalcanti (PP-PE) do cargo por "muito menos". Em 2005, Cavalcanti renunciou em meio a denúncias de recebimento de um "mensalinho" pela concessão de um restaurante da Casa.
Além do vice-líder do governo, a bancada do PSOL defendeu a mesma medida. Em nota intitulada "Eduardo Cunha deve se afastar", o partido disse ser "inaceitável que se confundam denúncias feitas contra Eduardo Cunha e Renan Calheiros (do PMDB alagoano e presidente do Senado) como um ataque ao Congresso Nacional".
"Cada parlamentar e seu partido têm que responder pelas acusações que eventualmente sofram. Eduardo Cunha não tem direito de confundir suas posições e ódios com a função que ocupa institucionalmente de presidente da Câmara dos Deputados", afirmou a nota do PSOL, cujos deputados estão entre os que mais se opõem à pauta tocada pelo peemedebista em sua gestão na Casa.
"A confusão deliberada que Cunha produz, à guisa de defesa, evidencia sua incompatibilidade entre a função de presidente da Casa, que exige equilíbrio e postura de magistrado, e a condição de investigado na Operação Lava Jato."
Na nota, a bancada do PSOL disse que, "não havendo expectativas no gesto de grandeza que seria ele próprio licenciar-se temporariamente", os parlamentares do partido seguirão fazendo essa cobrança.