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Para Tombini, câmbio cumpre papel de absorver choques

Indicado para a presidência do Banco Central defendeu o uso de instrumentos extraordinários para impedir a formação de bolhas ou evitar crises

Alexandre Tombini partcipa nesta terça de sabatina no Senado  (DIVULGAÇÃO/Ordem dos Economistas do Brasil)

Alexandre Tombini partcipa nesta terça de sabatina no Senado (DIVULGAÇÃO/Ordem dos Economistas do Brasil)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2011 às 13h09.

Brasília - O indicado para ocupar a presidência do Banco Central (BC) no governo de Dilma Rousseff, Alexandre Tombini, avaliou hoje que o regime de câmbio flutuante no Brasil tem sido bem sucedido nos últimos anos, mas observou que é aceitável usar instrumentos extraordinários em algumas situações.

“O nosso regime de câmbio flutuante tem cumprido bem o seu papel de absorver choques externos. Porém, em situações excepcionais, são mais do que justificáveis os usos de instrumentos macroprudenciais”, disse, durante sabatina no Senado.

Para Tombini, esses “instrumentos macroproduenciais” podem ser usados “para prevenir a formação de bolhas financeiras e de crédito” e “para prevenir futuras crises bancárias e de balanço de pagamentos”.

Ainda no campo externo, Alexandre Tombini afirmou que é preciso evitar que o contexto atual de saída da crise nas principais economias globais “favoreça o surgimento do protecionismo comercial, o que traria prejuízos ao crescimento global e, principalmente, ao desenvolvimento das economias emergentes”.

Desafios

Durante a sabatina no Senado, Tombini admitiu que “os desafios para o Banco Central continuam sendo enormes”. Entre eles, há a perspectiva de redução da meta de inflação e do custo do crédito no Brasil. “Conseguimos nos últimos anos trazer a inflação para um nível baixo e estável. Precisamos, agora, consolidar e aprofundar essa conquista”, disse.

Aos senadores, Tombini indicou que pode trabalhar para, eventualmente, reduzir a meta de inflação brasileira, atualmente em 4,50% ao ano, com intervalo de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.

“Precisamos também construir as condições necessárias para no futuro convergir a nossa meta de inflação para o padrão observado nas principais economias emergentes”, disse, sem citar qualquer outro país.

Nesse trecho do discurso, Tombini reconheceu que “o desenvolvimento do crédito é fundamental para o cumprimento” da missão de dar sustentabilidade ao crescimento da economia. “É importante que haja a ampliação do crédito no Brasil, em condições mais adequadas de custo e prazo. Não só para o financiamento do consumo, mas principalmente para o financiamento habitacional e do investimento produtivo”.

Apesar de reconhecer a necessidade de expansão do mercado de crédito, Alexandre Tombini ressaltou que “é importante que essa ampliação ocorra de forma segura, evitando inclusive o endividamento excessivo das famílias e das empresas”.

Selic

Tombini afirmou ainda que a Selic (a taxa básica de juros da economia) tem eficácia sobre a demanda agregada e sobre a inflação. Na sabatina, ele destacou que a Selic tem múltiplos canais de transmissão para produzir efeitos na economia, entre eles as expectativas, o setor externo e - um dos mais importantes - o chamado “efeito substituição” que o juro leva entre consumo e poupança.

Por esse mecanismo, juro mais alto estimula a poupança, em detrimento do consumo, e vice-versa. “O efeito substituição é muito forte no Brasil”, afirmou Tombini.

O atual diretor de Normas do BC afirmou que as medidas macroprudenciais anunciadas na última sexta-feira tiveram por objetivo garantir que o crédito, que está em outro patamar na comparação com o passado, cresça de forma segura no Brasil.

Apesar da natureza prudencial das iniciativas, Tombini reconheceu que elas têm impacto na economia, na demanda agregada e, com isso, se refletem nas condições que afetam a política monetária. “As medidas não são substitutas da política monetária mas têm impacto e devem ser levadas em conta”, disse.

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