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Para pessimistas, é cedo para comemorar impeachment

Os investidores eufóricos com a perspectiva de saída da presidente do Brasil, Dilma Rousseff, podem estar se precipitando

A presidente Dilma Rousseff: um dia depois de o Congresso iniciar o processo de impeachment, as ações, a moeda e os bonds do Brasil subiram (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2015 às 21h02.

Os investidores eufóricos com a perspectiva de saída da presidente do Brasil, Dilma Rousseff , podem estar se precipitando.

Um dia depois de o Congresso iniciar o processo de impeachment, as ações, a moeda e os bonds do Brasil subiram com o otimismo de que a medida poderia levar ao fim de uma crise política que tem frustrado de forma desesperadora as reformas fiscais necessárias.

Mas talvez o impulso para remover Dilma do cargo apenas piore a situação do país paralisado por sua pior recessão em 25 anos e por um escândalo de corrupção cada vez maior, segundo a GAM UK e a Spiro Sovereign Strategy.

A Standard & Poor’s reduziu a classificação do Brasil para o grau especulativo no dia 9 de setembro citando a dificuldade do governo Dilma para conseguir apoio no Congresso para as medidas de austeridade elaboradas para conter a piora das contas do país.

“Isso parece prematuro para mim”, disse Paul McNamara, gestor de recursos da GAM UK, que administra US$ 25 bilhões, incluindo títulos brasileiros. “O resultado mais provável a curto prazo é a paralisia política e isso não é bom para um país na posição do Brasil no momento”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse na quarta-feira que aceitou um pedido de impeachment contra Dilma, desencadeando procedimentos que poderiam levar meses e envolver diversas votações no Congresso.

O pedido acusa Dilma de violar a lei de responsabilidade fiscal do Brasil em 2014 e em 2015, o que inclui a adulteração das contas públicas. Diz também que sua campanha recebeu recursos provenientes de atividades fraudulentas.

Dilma, que iniciou seu segundo mandato em janeiro, negou qualquer irregularidade e disse que os argumentos favoráveis ao impeachment são inconsistentes. Ela disse a repórteres que estava “indignada” com a decisão de Cunha.

“São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido”, disse ela. “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim”.

Mercado em alta

Na quinta-feira, os custos dos empréstimos caíram: o yield extra que os investidores exigem para manter seus bonds denominados em dólares em vez de títulos do Tesouro dos EUA encolheu 0,06 ponto porcentual, para 4,55 pontos porcentuais, segundo o JPMorgan Chase. Os swaps de crédito de um ano também caíram.

O mercado de ações obteve seu maior ganho em um mês, e o real subiu 2,1 por cento em relação ao dólar.

“Não está claro se isso poderia atuar como um catalisador para a reforma ou se tornaria as coisas significativamente piores”, disse Nicholas Spiro, diretor-gerente da Spiro Sovereign Strategy em Londres. “As coisas pioraram a tal ponto - - política, econômica e financeiramente -- que é difícil para os investidores ter uma visão de qual é o melhor caminho a ser seguido pelo Brasil no momento.

Os mercados querem estabilidade acima de tudo e isso é impensável para o futuro próximo”.

--Com a colaboração de Julia Leite e Ben Bain.

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Um dia depois de o Congresso iniciar o processo de impeachment, as ações, a moeda e os bonds do Brasil subiram com o otimismo de que a medida poderia levar ao fim de uma crise política que tem frustrado de forma desesperadora as reformas fiscais necessárias.

Mas talvez o impulso para remover Dilma do cargo apenas piore a situação do país paralisado por sua pior recessão em 25 anos e por um escândalo de corrupção cada vez maior, segundo a GAM UK e a Spiro Sovereign Strategy.

A Standard & Poor’s reduziu a classificação do Brasil para o grau especulativo no dia 9 de setembro citando a dificuldade do governo Dilma para conseguir apoio no Congresso para as medidas de austeridade elaboradas para conter a piora das contas do país.

“Isso parece prematuro para mim”, disse Paul McNamara, gestor de recursos da GAM UK, que administra US$ 25 bilhões, incluindo títulos brasileiros. “O resultado mais provável a curto prazo é a paralisia política e isso não é bom para um país na posição do Brasil no momento”.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse na quarta-feira que aceitou um pedido de impeachment contra Dilma, desencadeando procedimentos que poderiam levar meses e envolver diversas votações no Congresso.

O pedido acusa Dilma de violar a lei de responsabilidade fiscal do Brasil em 2014 e em 2015, o que inclui a adulteração das contas públicas. Diz também que sua campanha recebeu recursos provenientes de atividades fraudulentas.

Dilma, que iniciou seu segundo mandato em janeiro, negou qualquer irregularidade e disse que os argumentos favoráveis ao impeachment são inconsistentes. Ela disse a repórteres que estava “indignada” com a decisão de Cunha.

“São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido”, disse ela. “Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim”.

Mercado em alta

Na quinta-feira, os custos dos empréstimos caíram: o yield extra que os investidores exigem para manter seus bonds denominados em dólares em vez de títulos do Tesouro dos EUA encolheu 0,06 ponto porcentual, para 4,55 pontos porcentuais, segundo o JPMorgan Chase. Os swaps de crédito de um ano também caíram.

O mercado de ações obteve seu maior ganho em um mês, e o real subiu 2,1 por cento em relação ao dólar.

“Não está claro se isso poderia atuar como um catalisador para a reforma ou se tornaria as coisas significativamente piores”, disse Nicholas Spiro, diretor-gerente da Spiro Sovereign Strategy em Londres. “As coisas pioraram a tal ponto - - política, econômica e financeiramente -- que é difícil para os investidores ter uma visão de qual é o melhor caminho a ser seguido pelo Brasil no momento.

Os mercados querem estabilidade acima de tudo e isso é impensável para o futuro próximo”.

--Com a colaboração de Julia Leite e Ben Bain.

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