Para juiz, Eike não está muito disposto a colaborar com a Justiça
O juiz cita que o empresário teria adotado medidas "para ludibriar as autoridades de investigação"
Estadão Conteúdo
Publicado em 10 de fevereiro de 2017 às 08h58.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2017 às 09h30.
Rio, 09 - O juiz federal Marcelo da Costa Bretas, responsável pelos desdobramentos da Lava Jato no Rio, avalia que os atos do empresário Eike Batista "não indicam a sua intenção de colaborar com a Justiça".
A avaliação foi feita na decisão sobre novo pedido da defesa de Eike para substituição da prisão preventiva por domiciliar ou encarceramento nas dependências da Superintendência da Polícia Federal no Rio. O titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio negou a reivindicação.
"A alegada participação do investigado no esquema criminoso sob investigação afigura-se relevante, não havendo fato novo que justifique qualquer modificação no decreto prisional inicial", diz na decisão de hoje.
Eike é acusado de pagar propina de US$ 16,5 milhões ao ex-governador do Rio Sergio Cabral. Ele foi preso na Operação Eficiência, que investiga um esquema que teria lavado ao menos US$ 100 milhões em propinas para o grupo político do ex-governador. O dinheiro foi remetido ao exterior.
O juiz cita que o empresário teria adotado medidas "para ludibriar as autoridades de investigação, utilizando sua estrutura empresarial para forjar contratos fraudulentos e repassar propina ao ex-governador Sérgio Cabral".
Bretas também afirma em sua decisão que a viagem de Eike dois dias antes da Operação Eficiência ser deflagrada e o "possível vazamento de informações parecem indicar que o comportamento deste investigado não é, de fato, colaborativo".
O empresário viajou para Nova York e só se entregou após ficar quatro dias foragido.
O magistrado diz que o alegado risco à integridade física baseado em notícias na imprensa não justifica a revogação da prisão preventiva.
"Suposta situação de risco é comum a toda e qualquer pessoa recolhida em estabelecimento prisional brasileiro, diante do grave quadro de segurança pública nacional, não servindo para justificar qualquer tratamento individualizado ao ora requerente", afirma.
O fundador do grupo X, que não tem ensino superior completo, está preso em Bangu 9, na zona oeste do Rio. A defesa alega que Eike estaria submetido ao encarceramento com a grande massa carcerária e que sua integridade física estaria em risco em decorrência de sua posição financeira e social.