Para Jader Barbalho, STF deveria evitar exemplo do nazismo
Nesta quinta, uma nova fase da Lava Jato foi deflagrada tendo como alvo o ex-senador Luiz Otávio Campos, aliado de Jader
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 18h21.
Brasília - O senador Jader Barbalho (PMDB-PA) classificou nesta quinta-feira, 16, de "canalhice e leviandade" as suspeitas levantadas pela Operação Lava Jato de que recebera propina a partir de desvio das obras da construção da Usina de Belo Monte.
Nesta quinta, uma nova fase da operação foi deflagrada tendo como alvo o ex-senador Luiz Otávio Campos, aliado de Jader.
Em entrevista exclusiva ao Broadcast Político, serviço de notícia em tempo real da Agência Estado, ele rebateu que Luiz Otávio seria um preposto para desviar recursos da obra.
"Nunca autorizei ninguém (a atuar por mim), nem tive contato com ninguém de Belo Monte. Não posso aceitar esse absurdo", reclamou. "Não tenho nenhuma preocupação, zero, mas não posso falar pelos outros", minimizou.
O senador afirmou não ter apadrinhado Luiz Otávio para quaisquer indicações nos governos Dilma Rousseff e Michel Temer.
"Não indiquei Luiz Otávio para cargos no Executivo. Exerço o meu mandato. Se tivesse também indicado, nunca soube que está escrito no Código Penal que vai junto com a indicação a responsabilidade dos seus atos. Hoje podem achar que quem indicou é o responsável. Nunca tomei conhecimento dos atos dele", disse.
Embora não tenha defendido a anistia ao caixa 2, conforme seu colega de bancada e presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Edison Lobão (PMDB-MA), Jader disse que a legislação eleitoral sempre determinava que repasses de empresas a partidos e candidatos fossem contabilizadas como doação oficial.
Ele disse que "atualmente" esse entendimento pode ter mudado e que a lei "não vale" mais.
Exemplo
O peemedebista cobrou do Supremo Tribunal Federal (STF) a não seguir o exemplo da Suprema Corte alemã que, destacou, deu respaldo à política antissemita de Adolf Hitler.
Em tom de brincadeira, ele disse que vai dar de presente uma gravação do filme que retrata essa situação, O Julgamento de Nuremberg, de 1961, para os ministros do STF.
"Foram esses precedentes que posteriormente levaram aos campos de concentração e até mesmo à Segunda Guerra Mundial. Às vezes, se aceita que se cometa pequenos precedentes que, juntos, contribuem para uma violência legal", criticou.
Ele disse deixar essa comparação como um "recado" ao Supremo.
O senador defendeu que o Supremo aja para impor limites aos vazamentos de delações. Ele se disse indiferente a divulgar ou não a íntegra de colaborações já homologadas, como no caso da Odebrecht.
Em tom de ironia, disse que delatores têm feito acusações sem provas e agora estão em liberdade, alguns deles se mantiveram ricos, enquanto aos delatados cabe o ônus da prova.
"Se acham que somente a investigação é suficiente, é melhor fechar o Judiciário e deixar apenas o Ministério Público estabelecer os padrões. Isso só aconteceu no fascismo, estalinismo e no nazismo", destacou.
Moraes
Investigado na Lava Jato, Jader disse ter ficado "feliz" com a indicação ao STF do ministro licenciado da Justiça, Alexandre de Moraes. Se for aprovado pelo Senado na próxima semana, Moraes vai revisar a operação na Corte.
"Fico feliz que o ministro que vai para lá é um legalista, assim como devem ser todos os ministros do Supremo e todos os magistrados. Não entendo como pode haver juízes ilegalistas", afirmou.
Jader disse que, por ora, não há nada que desabone na conduta do ministro Edson Fachin, relator da operação que sucedeu Teori Zavascki e responsável pela fase de hoje. Afirmou que ele tem agido com equilíbrio e reclamou de juízes "pirotécnicos" - sem nominar quem seria.
Sem comparar com ninguém dos dias atuais, o senador lembrou que houve quem da Operação Mãos Limpas, que investigou um megaesquema de corrupção na Itália, tentou fazer carreira política.
E que, hoje, após praticamente o fim de toda uma classe política, aquele país está "bem pior" do que era antes, ao ter caído nas mãos de Silvio Berlusconi.