Olimpíada: maioria dos brasileiros apoia o evento, mas há a percepção de "desperdício" de dinheiro público (Mario Tama/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de agosto de 2016 às 09h39.
Rio - Para os brasileiros, Olimpíada é um "desperdício que deu certo". A ambiguidade da população em relação à Rio 2016 é a principal conclusão de pesquisa nacional do Ibope, que o jornal O Estado de S.Paulo publica com exclusividade.
Para 62%, os Jogos Olímpicos trazem mais prejuízos do que benefícios ao Brasil. Ao mesmo tempo, 57% creem que a imagem do País no exterior ficará mais positiva. A completar as contradições, "desperdício" e "esperança" são os dois principais sentimentos que os Jogos despertam.
A divisão também é explicitada na avaliação que a população faz da Rio-2016 até agora. Para 42%, a Olimpíada está sendo boa ou ótima. Outros 30% dizem que é "regular". E 24% avaliam que é "ruim" ou "péssima".
Em resumo, está dando mais certo do que errado. Essa opinião reflete mais a organização do que os resultados esportivos: 62% disseram ao Ibope que é mais importante que o evento seja um sucesso - enquanto 31% preferem que o Brasil fique bem colocado no quadro de medalhas.
Se não há convergência da opinião pública sobre os efeitos para o País como um todo, a divisão se inverte quando se pede aos entrevistados para eles avaliarem os efeitos dos Jogos para a cidade sede: 54% enxergam mais benefícios do que prejuízos. E essa opinião favorável é mais forte no Norte e Nordeste do que no Sudeste, por exemplo.
CEO do Ibope Inteligência, Marcia Cavallari tem uma hipótese sobre a ambiguidade da opinião pública: "As opiniões são ambíguas porque não se percebe claramente os benefícios que o País pode vir a ter com eventos dessa magnitude".
Para a pesquisadora, a recessão também explica contradições. "Há uma maioria que apoia, mas há dúvidas sobre o uso do dinheiro público em eventos desta natureza quando há tantas outras prioridades, principalmente considerando a crise econômica."
A pesquisa foi feita entre 11 e 15 de agosto, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil. Foram 2.002 entrevistas face a face, com pessoas de 16 anos ou mais. A margem de erro é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos, em um intervalo de confiança de 95%.