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Papa diz que igreja deve ser misericordiosa e acolhedora

Após seis meses de papado, Francisco falou sobre sua opinião sobre a igreja e suas prioridades como papa em entrevista à La Civiltà Cattolica

Papa Francisco: Francisco amplia seus comentários inovadores sobre gays e reconhece alguns de seus próprios erros (REUTERS/Luca Zennaro)
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Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2013 às 15h50.

Cidade do Vaticano - O papa Francisco advertiu nesta quinta-feira que a estrutura moral da igreja católica pode "cair como um castelo de cartas" se não equilibrar suas regras divisionistas sobre aborto, gays e contracepção com a necessidade maior de torná-la um lugar misericordioso e mais acolhedor para todos.

Após seis meses de papado, Francisco falou sobre sua opinião sobre a igreja e suas prioridades como papa em uma entrevista longa e extremamente franca à La Civiltà Cattolica, revista italiana jesuíta, que foi publicada simultaneamente nesta quinta-feira em jornais jesuítas em 16 países.

Na matéria, Francisco amplia seus comentários inovadores sobre gays e reconhece alguns de seus próprios erros. Ele falou sobre seus compositores, artistas, autores e filmes favoritos (Mozart, Caravaggio, Dostoiévski e "La Strada", de Fellini) e disse que reza mesmo quando está no consultório do dentista.

Mas sua opinião sobre o que a igreja deve ser destaca-se, principalmente, porque contrasta fortemente com muitas das prioridades de seus antecessores imediatos, João Paulo II e Bento XVI, que eram intelectuais, para quem a doutrina era suprema, uma orientação que guiou a seleção de uma geração de bispos e cardeais em todo o mundo.

Francisco disse que o ensino dogmático e moral da igreja não são equivalentes. "O ministério pastoral da igreja não pode ser obcecado com a transmissão de uma série incoerente de doutrinas a serem impostas insistentemente", disse o papa. "Temos de encontrar um novo equilíbrio, caso contrário até mesmo o edifício moral da igreja deve cair como um castelo de cartas, perdendo a frescura e a fragrância do Evangelho."

Em vez disso, afirmou, a igreja católica deve ser como "um hospital de campo após a batalha", cuidando das feridas de seus fiéis e saindo para encontrar os que foram machucados, excluídos ou que se afastaram.

"É inútil perguntar a uma pessoa seriamente ferida se ela tem colesterol alto ou seu nível de açúcar no sangue!", disse Francisco. "Você tem de cuidar de suas feridas, depois podemos falar sobre o restante."

"Algumas vezes a igreja se fecha em pequenas coisas, em regras mesquinhas", lamentou ele. "A coisa mais importante é a primeira proclamação: Jesus Cristo nos salvou e os ministros da igreja devem se ministros da misericórdia, acima de tudo."

Francisco, o primeiro jesuíta a se tornar papa, foi entrevistado pelo editor da Civiltà Cattolica, reverendo Antonio Spadaro, durante três dias de agosto no hotel do Vaticano onde Francisco escolheu viver. O Vaticano examina todo o conteúdo da publicação e o papa aprovou a versão em italiano da matéria.

Fonte: Associated Press.

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Cidade do Vaticano - O papa Francisco advertiu nesta quinta-feira que a estrutura moral da igreja católica pode "cair como um castelo de cartas" se não equilibrar suas regras divisionistas sobre aborto, gays e contracepção com a necessidade maior de torná-la um lugar misericordioso e mais acolhedor para todos.

Após seis meses de papado, Francisco falou sobre sua opinião sobre a igreja e suas prioridades como papa em uma entrevista longa e extremamente franca à La Civiltà Cattolica, revista italiana jesuíta, que foi publicada simultaneamente nesta quinta-feira em jornais jesuítas em 16 países.

Na matéria, Francisco amplia seus comentários inovadores sobre gays e reconhece alguns de seus próprios erros. Ele falou sobre seus compositores, artistas, autores e filmes favoritos (Mozart, Caravaggio, Dostoiévski e "La Strada", de Fellini) e disse que reza mesmo quando está no consultório do dentista.

Mas sua opinião sobre o que a igreja deve ser destaca-se, principalmente, porque contrasta fortemente com muitas das prioridades de seus antecessores imediatos, João Paulo II e Bento XVI, que eram intelectuais, para quem a doutrina era suprema, uma orientação que guiou a seleção de uma geração de bispos e cardeais em todo o mundo.

Francisco disse que o ensino dogmático e moral da igreja não são equivalentes. "O ministério pastoral da igreja não pode ser obcecado com a transmissão de uma série incoerente de doutrinas a serem impostas insistentemente", disse o papa. "Temos de encontrar um novo equilíbrio, caso contrário até mesmo o edifício moral da igreja deve cair como um castelo de cartas, perdendo a frescura e a fragrância do Evangelho."

Em vez disso, afirmou, a igreja católica deve ser como "um hospital de campo após a batalha", cuidando das feridas de seus fiéis e saindo para encontrar os que foram machucados, excluídos ou que se afastaram.

"É inútil perguntar a uma pessoa seriamente ferida se ela tem colesterol alto ou seu nível de açúcar no sangue!", disse Francisco. "Você tem de cuidar de suas feridas, depois podemos falar sobre o restante."

"Algumas vezes a igreja se fecha em pequenas coisas, em regras mesquinhas", lamentou ele. "A coisa mais importante é a primeira proclamação: Jesus Cristo nos salvou e os ministros da igreja devem se ministros da misericórdia, acima de tudo."

Francisco, o primeiro jesuíta a se tornar papa, foi entrevistado pelo editor da Civiltà Cattolica, reverendo Antonio Spadaro, durante três dias de agosto no hotel do Vaticano onde Francisco escolheu viver. O Vaticano examina todo o conteúdo da publicação e o papa aprovou a versão em italiano da matéria.

Fonte: Associated Press.

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