Palocci diz que tramou com Lula contra a Lava Jato
Preso desde setembro de 2016, o ex-ministro tenta fechar seu acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de setembro de 2017 às 21h27.
São Paulo - As últimas declarações do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa Civil - Governo Lula e Dilma), em interrogatório nesta quarta-feira, 6, perante o juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato , dão pistas da munição que ele terá caso feche sua delação premiada.
Preso desde setembro de 2016, Palocci tenta fechar seu acordo com o Ministério Público Federal.
Moro questionou Palocci sobre uma declaração do ex-ministro: "Tentei ajudar a que não andassem as investigações da operação Lava Jato". O magistrado quis saber se isto teria ocorrido "juntamente com o ex-presidente".
"Sim", disse Palocci. "Em algumas oportunidades, eu me reuni com o ex-presidente Lula e com outras pessoas no sentido de buscar, vamos dizer, criar obstáculos à evolução da Lava Jato. Posso citar casos se o sr desejar."
Moro disse que não era necessário, pois "não era objeto específico" da ação penal. Neste processo, o ex-ministro é réu com Lula por supostas propinas da Odebrecht.
Palocci foi condenado por corrupção e lavagem de dinheiro na Lava Jato a 12 anos e 2 meses de prisão.
O Ministério Público Federal aponta neste processo que propinas pagas pela Odebrecht chegaram a R$ 75 milhões em oito contratos com a estatal.
Este montante, segundo a força-tarefa da Lava Jato, inclui um terreno de R$ 12,5 milhões para Instituto Lula e cobertura vizinha à residência de Lula em São Bernardo de R$ 504 mil.
Defesa
O advogado Cristiano Zanin Martins, defensor do ex-presidente Lula, declarou em nota.
"Palocci muda depoimento em busca de delação.
O depoimento de Palocci é contraditório com outros depoimentos de testemunhas, réus, delatores da Odebrecht e com as provas apresentadas.
Preso e sob pressão, Palocci negocia com o MP acordo de delação que exige que se justifiquem acusações falsas e sem provas contra Lula.
Como Léo Pinheiro e Delcídio, Palocci repete papel de validar, sem provas, as acusações do MP para obter redução de pena.
Palocci compareceu ato pronto para emitir frases e expressões de efeito, como 'pacto de sangue', esta última anotada em papéis por ele usados na audiência.
Após cumprirem este papel, delações informais de Delcídio e Léo Pinheiro foram desacreditadas, inclusive pelo MP."