Palocci diz a Moro estar disposto a revelar "nomes e operações"
Durante seu interrogatório na Lava Jato, o ex-ministro sugeriu entregar informações "que vão ser certamente do interesse da operação"
Estadão Conteúdo
Publicado em 20 de abril de 2017 às 15h33.
Última atualização em 20 de abril de 2017 às 15h38.
São Paulo - O ex-ministro Antonio Palocci (Governos Lula e Dilma/Fazenda e Casa Civil) pediu a palavra nesta quinta-feira, 20, durante seu interrogatório na Operação Lava Jato, para fazer uma oferta enigmática ao juiz Sérgio Moro.
Ao fim do depoimento, o petista sugeriu entregar informações "que vão ser certamente do interesse da Lava Jato".
"Fico à sua disposição hoje e em outros momentos, porque todos os nomes e situações que eu optei por não falar aqui, por sensibilidade da informação, estão à sua disposição o dia que o sr. quiser. Se o sr. estiver com a agenda muito ocupada, a pessoa que o sr. determinar, eu imediatamente apresento todos esses fatos com nomes, endereços, operações realizadas e coisas que vão ser certamente do interesse da Lava Jato."
Palocci surpreendeu o magistrado ao derramar elogios à maior operação contra a corrupção já desfechada no País - por obra do próprio Moro -, e que levou para a cadeia ele próprio e outros quadros expressivos do PT.
O ex-ministro, preso desde setembro de 2016, disse que a Lava Jato "realiza uma investigação de importância".
"Acredito que posso dar um caminho, que talvez vá dar um ano de trabalho, mas é um trabalho que faz bem ao Brasil", acenou.
Palocci foi interrogado em ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva relacionados à obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobras.
Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht "um amplo e permanente esquema de corrupção" destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.
O Ministério Público Federal aponta que no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobras, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida.