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Paes e Covas são eleitos com discurso alinhado contra o radicalismo

Paes e Covas aparecerem ao lado de Maia e Doria no discurso de vitória deste domingo — duas figuras antagônicas ao presidente Bolsonaro

Eleições 2020: Bruno Covas e Eduardo Paes são eleitos em São Paulo e no Rio de Janeiro (Divulgação/AFP/Montagem Exame/Exame)

Eleições 2020: Bruno Covas e Eduardo Paes são eleitos em São Paulo e no Rio de Janeiro (Divulgação/AFP/Montagem Exame/Exame)

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Agência O Globo

Publicado em 30 de novembro de 2020 às 06h30.

Última atualização em 30 de novembro de 2020 às 06h48.

Dois anos depois de serem derrotados nacionalmente em meio à polarização entre o presidente Jair Bolsonaro e o PT, DEM e PSDB voltaram a conquistar as duas mais importantes capitais brasileiras, feito que não ocorria simultaneamente desde 2005, quando José Serra e Cesar Maia governaram Rio e São Paulo. No discurso da vitória ontem à noite, os prefeitos eleitos, Eduardo Paes (DEM) e Bruno Covas (PSDB), mostraram alinhamento em falas que soaram como recado nacionalizado: enalteceram a restauração da política tradicional e celebraram a derrota do radicalismo, posturas vinculadas a Bolsonaro desde a campanha de 2018, quando elegeu-se com um discurso pela antipolítica.

Na primeira manifestação após a proclamação do resultado das urnas, os prefeitos eleitos apareceram ladeados por dois dos mais relevantes antagonistas do presidente atualmente. Enquanto Paes posou com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), Covas se fez acompanhar do governador João Doria (PSDB).

— Queria celebrar aqui uma vitória da política. Nós passamos os últimos anos radicalizando a política brasileira. O resultado desse radicalismo certamente não fez bem a nenhum de nós cariocas, não fez bem a nenhum de nós brasileiros — declarou Paes, que derrotou o atual prefeito do Rio, Marcelo Crivella (Republicanos), apoiado por Bolsonaro.

— São Paulo disse sim à democracia, à ciência, à moderação e ao equilíbrio — completou o prefeito eleito paulistano, finalizando seu discurso mirando em Bolsonaro, mesmo após superar um adversário da esquerda, o psolista Guilherme Boulos. A vitória de Covas foi decisiva para consolidar o PSDB, que perdeu prefeituras no país, como o partido que governa mais eleitores nos municípios.

A noite de ontem mostra ainda que a saúde e o combate à pandemia do coronavírus pautarão as administrações. Em entrevista ao GLOBO, Paes prometeu a aquisição de testes para a população. Ao lado de Covas, Doria centrou parte do discurso na vacina que pretende aplicar no primeiro trimestre em São Paulo, a depender da aprovação do imunizante pela Anvisa, agência reguladora sob a alçada de Bolsonaro.

O presidente, aliás, que já havia amargado derrotas de aliados no primeiro turno, fechou o domingo podendo contabilizar apenas um prefeito eleito em capital que tenha recebido seu apoio explícito: Tião Bocalom (PP), em Rio Branco, no Acre. O PT, seu rival na eleição de 2018, também teve desempenho ruim. Pela primeira vez em sua história, o partido não conseguiu eleger sequer um prefeito em capital. Outras siglas da esquerda tiveram melhor performance: o PDT fez dois prefeitos (incluindo Fortaleza, reduto de Ciro Gomes), o PSB fez dois; e o PSOL conquistou Belém, além do expressivo desempenho de Boulos em São Paulo.

Por fim, a representatividade, uma das marcas do primeiro turno com a eleição de muitos candidatos com a bandeia de igualdade racial e entre gêneros no Legislativo, ainda precisa caminhar nas capitais, onde apenas uma mulher foi eleita e sete novos prefeitos são autodeclarados pardos.

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