Serraglio: o plano inicial de Temer era ver Velloso encabeçando o ministério e um outro nome, mais ligado à segurança pública, a frente desta área (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Reuters
Publicado em 23 de fevereiro de 2017 às 21h00.
Brasília - O deputado Osmar Serraglio será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, no lugar de Alexandre de Moraes, nomeado para o Supremo Tribunal Federal (STF), dando ao PMDB um novo ministério, mas sem garantir a pacificação da bancada do partido na Câmara.
A escolha de Serraglio pelo presidente Michel Temer, confirmada pelo porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola, em rápido briefing no início da noite desta quinta-feira, havia sido informada mais cedo à Reuters por uma fonte com conhecimento do assunto.
Segundo Parola, o presidente "expressa desde já sua plena confiança na capacidade" de Serraglio para realizar seu novo trabalho.
Antes de Serraglio, que é deputado do PMDB pelo Paraná, Temer chegou a convidar Carlos Velloso para o cargo, mas o ex-ministro do STF recusou o convite na última sexta-feira, alegando compromissos "de natureza profissional e, sobretudo, éticos". Velloso justificou sua decisão pela dificuldade de deixar os contratos do seu escritório de advocacia.
O plano inicial de Temer era ver Velloso encabeçando o ministério e um outro nome, mais ligado à segurança pública, a frente desta área, em uma secretaria reforçada.
Com a escolha de Serraglio, de 68 anos, a opção por um nome eminentemente técnico foi deixada de lado para atender aos pleitos da bancada do PMDB da Câmara, mas o nome do deputado criou mais problemas que soluções, gerando uma forte reação na bancada peemedebista.
Segundo fontes governistas, Temer tentou acalmar uma rebelião na bancada antes de anunciar oficialmente o nome do parlamentar.
"Serraglio não é um nome da bancada", disse à Reuters um parlamentar peemedebista. "Se tentou construir uma unidade em nome do Serraglio, mas depois se fez a escolha sem o aval da bancada."
O novo ministro ganhou projeção nacional quando foi relator da CPI dos Correios, uma das que investigaram o escândalo do mensalão no primeiro governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No ano passado, voltou aos holofotes ao presidir a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara quando o colegiado analisou, e rejeitou, recursos do então deputado Eduardo Cunha que tentavam prolongar ainda mais o processo de cassação do parlamentar.
A alçada de Serraglio ao comando da CCJ, no entanto, contou com o apoio de Cunha, que ainda era presidente da Câmara, e foi vista como uma manobra para proteger o peemedebista, que já enfrentava o processo de cassação.
Em entrevista à GloboNews, depois de ser convidado para o cargo, Serraglio procurou dar garantias às investigações da Lava Jato, afirmando que a operação é "uma conquista nacional".
O novo ministro também prometeu priorizar a segurança pública, num cenário de rebeliões em penitenciárias do país nas primeiras semanas do ano e greve da Polícia Militar no Espírito Santo.
Serraglio se filiou ao então MDB em 1978 --o partido alterou o nome com a reforma partidária no início da década de 1980--, onde permanece até hoje.
Eleito deputado federal pela primeira vez em 1998, está em seu quinto mandato. Advogado e mestre em Direito do Estado, foi assessor jurídico de diversas prefeituras, além de professor universitário.